Vamos defender a Amazônia!

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Não é de hoje que a rica região amazônica brasileira é alvo da cobiça internacional. A estratégia atualmente adotada pelos “donos do mundo” para conquistar a Amazônia não é pelo confronto direto e sim por via indireta, como, por exemplo, através da demarcação de terras indígenas.
Na realidade, já existem precedentes bem conhecidos por todos nós, brasileiros. Em 1850, os EUA já pregavam a ocupação internacional da região. Em 1930, o Japão defendeu a tese de abrigar naquela área excedentes populacionais. Em 1949, a Unesco sugeriu a criação do Instituto Nacional da Hiléia Amazônica, com funções executivas. Em 1960, o Instituto Hudson defendeu a tese da criação de sete lagos na região. Em 1992, a chamada ECO-92 (Conferência Internacional), realizada no Rio de Janeiro, avançou o processo. A seguir, constatamos a realização, em maio de 1993, de manobras das Forças Armadas dos EUA a menos de 100 km de nosso território, sob a desculpa de combate ao narcotráfico, ao mesmo tempo em que construíram gigantesca base aérea no Paraguai e adestraram uma divisão especial para combate na selva.
Em novembro de 1993, a ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Índios, já preparando a criação da chamada “nação yanomami”, a ser transformada posteriormente num “estado soberano”. Atualmente, enquanto aguardam o momento adequado, funcionam com um “presidente” norte-americano, um “vice-presidente” alemão e um secretário de governo, índio aculturado e criado pelos “missionários geólogos”.
É sabido que os EUA concederam 28 ha de terra a cada índio norte-americano, enquanto o governo Collor destinou cerca de 9 milhões de ha a alguns milhares de índios yanomamis, em faixa contínua à concedida pela Venezuela, onde também a mesma tribo conseguiu um terreno equivalente para não mais de 3.000 índios. É muita coincidência. Um índio levaria mais de 70 anos para percorrer, andando, de um extremo a outro, a área demarcada.
O Conselho Mundial das Igrejas, em seu documento Diretrizes para a Amazônia, prescreve a internacionalização da área. O ex-presidente François Mitterand declarou que “alguns países deveriam abrir mão de sua soberania em favor dos interesses globais”. O ex-presidente Gorbachev afirmou: “O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais”. O atual vice-presidente dos EUA, Sr. Al Gore, bradou: “A Amazônia é um patrimônio da humanidade e não dos países que a ocupam”. E o homem da guerra do Vietnã, fundador do Diálogo Interamericano, Sr. Robert Mcnamara, enfatiza: “Não devemos permitir que surja, ao sul do Equador, mais um tigre asiático”. Todos na linha da defesa da extinção do Estado Nacional Soberano brasileiro, da restrição da soberania, da reunião das nações indígenas, do desmonte das Forças Armadas brasileiras, da prevalência das questões ecológicas. Qualquer semelhança não é mera coincidência. E há “brasileiros” que estão de acordo com isto. Por muito menos Joaquim Silvério dos Reis passou à História como traidor da pátria.
Lembram-se das festividades dos 100 anos do Teatro de Manaus, quando uma fortuna foi paga ao tenor Carreras, do filme Anaconda, rodado na região, e na edição de duas séries especiais contra a “destruição da Amazônia”, dos seriados Super-Homem e Robocop? Tudo isto faz parte da gigantesca orquestração dos “senhores do mundo”, que financiam regiamente a mídia internacional e nacional para difamar o Brasil, vendendo a idéia de que não temos condições de administrar nosso território. É o emprego da expressão psicossocial.
Na expressão econômica, os organismos internacionais vão até o limite do intolerável em suas pressões. Agora mesmo, está sendo quebrado, na prática, o monopólio do petróleo, pelo genro do presidente FHC, Dr. David Zylbersztajn, com a licitação de 27 áreas de nove bacias sedimentares brasileiras em junho. A participação das multinacionais no faturamento da indústria passou a 44% e das empresas estrangeiras no segmento das grandes empresas passou para 42%. O crescimento do controle estrangeiro das empresas nacionais cresceu para 35% em 1997. E os alienígenas responderam por 44% do total exportado pela nação em 1997. O PIB informal atinge R$ 825 bilhões. Das 530 maiores empresas do país, 50% não pagam imposto de renda e das 66 maiores instituições financeiras, 42% também não recolhem, além de 34% dos tributos pagos pelas empresas estarem “sub judice”. A cada R$ 1,00 arrecadado corresponde R$ 1,20 sonegado. O pagamento de juros nominais atingirá mais de R$ 80 bilhões em 1999.
Na expressão militar, é criado o Ministério da Defesa. O Ministro do Exército adverte: novas restrições exigem estudo acurado para que não ” atinjam a capacidade operacional das Forças , no cumprimento de suas missões constitucionais”.
Na expressão política, procuram validar ações danosas ao Brasil, tornando-as irreversíveis. O presidente FHC proclama, em discurso pronunciado no Dia Mundial do Meio Ambiente, às margens do rio Japurá: “Esta Amazônia é e será cada vez mais de brasileiros conscientes da importância da Amazônia. Se não houver continuidade das ações a questão ecológica nunca será resolvida no país”. E, ao mesmo tempo, envia ao Congresso a chamada “lei do desarmamento do cidadão”. Soa estranho, na atual conjuntura, quando o país não tem nem poder nuclear, nem mais indústria bélica própria, enquanto a Otan aniquila uma país soberano, sem autorização da ONU para isto. Será que é para facilitar a tomada de nosso território e de nossas riquezas? Afinal, sabemos que numa guerra convencional não temos chance, só restando a guerrilha na selva, pois aos invasores não interessa a destruição das riquezas existentes através de bombardeios. E então será importante a posse de todo tipo de arma, até facas, bastões etc. por aqueles que vão defender nosso patrimônio e nossa soberania.
Querem roubar-nos a Amazônia para usar suas incomensuráveis riquezas (solo, subsolo, água, biogenética) como reserva técnica do primeiro mundo. Nós, brasileiros, não permitiremos que tal crime seja perpetrado. A Amazônia brasileira é nossa e continuará sendo, a qualquer preço!

Marcos Coimbra
Professor titular de Economia junto à Universidade Candido Mendes e conselheiro da Escola Superior de Guerra (ESG). Correio eletrônico: [email protected]

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