O Boletim Focus, do Banco Central, tem destacado que as estimativas para o Produto Interno Bruto seguem em alta desde fevereiro. O mesmo levantamento expandiu sua projeção de alta para esse índice em 2024 de 1,95% para 2,02%. Além disso, no resultado acumulado em 12 meses, o IPCA (estudo do IBGE para mensurar a inflação) fechou em 3,93%, o menor para um período de 12 meses desde junho de 2023 (3,16%), ficando dentro da meta esperada.
Esse cenário de otimismo também vem sendo notado pelas áreas de varejo alimentar e food service do país – dois segmentos considerados essenciais, mas que também sofrem na pele os impactos da inflação e desaceleração econômica.
De acordo com a pesquisa intitulada PDV Legal, coordenada pela Web Automação, que ouviu 7 mil clientes (usuários da plataforma de automação com o mesmo nome – PDV Legal) em um intervalo de 15 meses (de janeiro de 2023 a março deste ano), as vendas concluídas (transações fechadas) registraram um avanço de 15.502.956 (primeiro trimestre de 2023) para 25.988.101 (primeiro trimestre de 2024) – alta de 67% na comparação trimestre a trimestre. O tíquete médio reagiu com menor expressividade, variando de R$ 38,18 no intervalo de janeiro a março do ano passado para R$ 38,47 nesse quarter encerrado, ainda assim registrando uma melhora. A base consultada é formada por comerciantes do varejo alimentar e food service.
Segundo o estudo, o mesmo progresso se nota no registro da quantia de clientes com transação, cuja alta foi de 14.048 (primeiro trimestre de 2023) para 19.895 (primeiro trimestre de 2024) – melhora de 41% nessa base de análise. A média de valores transacionados por cliente apresentou uma apuração animadora: R$ 42.1369,12, de janeiro a março de 2023, para R$ 50.246,63, no mesmo período deste ano – uma superação de 1,92%, refletindo as expectativas de alta no setor.
Já os indicadores do índice Abrasel-Stone (medido pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) de março apontam que houve aumento do movimento nos bares e restaurantes em março. No mês, foi registrado um aumento de 5,2% em relação a fevereiro.
O Instituto Propague, em parceria com o time de Economic Research da Stone, também analisa outros segmentos, o que permite uma comparação. O índice de varejo apresentou uma alta geral de 0,2%, puxado por tecidos, vestuários e calçados (3,0%) e hipermercados, supermercados (2,7%). As maiores quedas foram em materiais de construção (-4,9%) e artigos farmacêuticos (-2,6%).
Nos bares e restaurantes, embora os números apontem uma maior movimentação em comparação com o mês anterior, foi observada uma queda de -2,3% quando comparado com o ano de 2023. Movimento parecido ocorreu com o setor de varejo que apresentou uma queda de -2,5%. Dentre os cinco setores de varejo acompanhados pelo índice, todos apresentaram quedas anuais, com destaque para livros e jornais, revistas e papelaria, que apresentou uma queda de -13,2%.
Dentre os estados que apresentaram maior aumento mensal, destacam-se Pará (11,2%), Roraima (9,9%), Ceará (8,8%), Tocantins (8,8%) e Piauí (7,1%). Apenas o estado do Rio de Janeiro apresentou queda (-0,5%).
“O início deste ano foi difícil para boa parte dos empreendedores. A última pesquisa da Abrasel, relativa ao resultado de fevereiro, apontou que 31% dos bares e restaurantes operaram no vermelho. Mas em março o indicador em conjunto com a Stone aponta para uma melhora e neste semestre ainda contamos com a aproximação de duas datas excelentes para o setor, que são o Dia das Mães e o Dia dos Namorados”, comenta José Eduardo Camargo, líder de Conteúdo da Abrasel.
O Índice Antecedente de Vendas (IAV), do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) nominal, que considera a participação das atividades no volume total de vendas do comércio varejista medido pelo IBGE, apresenta previsão de crescimento de 4,1% em abril, 4,5% em maio e 5,6% em junho, sempre em relação aos mesmos meses do ano anterior. Em março, houve alta de 5,7%. O IAV-IDV nominal, consolidado, do primeiro trimestre, teve crescimento de 7% O projetado para o 2º trimestre também é de um crescimento de 7%.
Já os últimos dados apresentados pelo IAV-IDV ajustados pelo IPCA, de março/24, apontam alta de 0,5% em abril, 0,9% em maio e 1,7% em junho. Em março, a variação nominal registrou alta de 1,7% em relação ao mesmo mês de 2023.
As projeções são feitas a partir dos dados individuais que cada empresa associada ao IDV informa em relação à sua expectativa de faturamento para os próximos três meses. Esse conjunto de empresas que compõe o índice possui representantes em todos os setores do varejo e representam, aproximadamente, 20% das vendas no varejo brasileiro.
No setor de supermercados, hiper, alimentação, bebidas e fumo, março teve crescimento de 7,4% em relação ao mesmo mês de 2023. Para os próximos três meses, as previsões são de queda de 0,3% em abril e alta de 1,7% em maio e 4,7% em junho.
No setor de material de construção, março mostrou queda de 0,9% em relação ao mesmo mês de 2023. Para os próximos três meses, as previsões são de crescimento de 11,5% em abril, 7,0% em maio e 10,3% em junho.
No setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico, março mostrou crescimento de 8,0% em relação ao mesmo mês de 2023, e as previsões são de crescimento de 14,0% em abril, 18,3% em maio e 14,3% em junho.
No setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, março mostrou crescimento de 15,1% em relação ao mesmo de 2023, e as previsões são de crescimento de 24,4% em abril, 12,8% em maio e 17,3% em junho.
No setor de móveis e eletrodomésticos, março teve queda de 6,8% em relação ao mesmo mês de 2023. Para os próximos três meses, as previsões também são de queda de 3,7% em abril, 2,2% em maio e 2,4% em junho. E no setor de tecidos, vestuário e calçados, março mostrou crescimento de 5,9% em relação ao mesmo mês de 2023, e as previsões são de crescimento de 5,5% em abril, 10,3% em maio e 9,1% em junho.
Matéria atualizada às 16h25 para inclusão de dados da Abrasel
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