O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) aumentou 2,2% em março, ficando em 109,2 pontos. Esta é a terceira alta consecutiva, descontados os efeitos sazonais. No entanto, ao considerar a comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice, apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 2,7%.
O maior destaque é o aumento de 6,6%, em março, da satisfação dos varejistas em relação às condições atuais da economia, no comparativo com fevereiro, o que puxou o crescimento de 4,6% do subindicador condições atuais, que, além da economia, avalia as condições do setor (3,8%) e da empresa (3,8%). Nesse sentido, essa variável foi a que mais influenciou a subida mensal do Icec.
“Isso reforça as expectativas favoráveis para os próximos meses, que dependem, no entanto, de melhora das condições de crédito aos consumidores, que estão com menor intenção de compra”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ele lembra que a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também realizada mensalmente pela confederação, apontou que as famílias estão tendo dificuldade em acessar crédito e o mercado de trabalho está em desaceleração, o que diminui o nível de recursos disponíveis para compras.
O subindicador expectativas – que avalia a economia, o setor e a empresa – teve aumento de 1,6% no mês e apresentou a única taxa anual positiva entre os subindicadores, com alta de 0,6%. “Embora a avaliação das condições atuais seja de que o ano está pior do que 2023, a percepção é de melhora para os próximos meses, principalmente no que diz respeito à economia”, analisa o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
Por outro lado, o indicador que mede as intenções de investimento do empresário do comércio teve o menor crescimento, de 0,9%. Entre todos os subindicadores, os únicos com queda mensal que fazem parte desse quesito são: a avaliação dos estoques, que teve queda de 0,9%, e o de investimentos na empresa, com ligeira queda de 0,1%. Felipe Tavares destaca que este foi o sexto mês consecutivo com piora na avaliação dos estoques.
“O percentual dos comerciantes que possuem um estoque adequado diminuiu pelo segundo mês, atingindo 58,6%, apesar de continuar sendo a maioria”, indica o economista-chefe. Ele alerta, porém, que houve aumento do percentual de comerciantes cujo estoque está acima do necessário: são 25,2%, o maior nível desde agosto de 2021.”
“Isso revela menos vendas do que o esperado, com mais produtos parados nos estabelecimentos”, ressalta.
Com o encarecimento do crédito, a intenção de investir na própria empresa também caiu neste mês. A parcela dos empresários que pretendem reduzir seus investimentos chegou a 50,7%, o maior percentual desde julho de 2023. Contudo, os varejistas de bens semiduráveis (roupas, calçados, tecidos e acessórios) e duráveis (eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, materiais de construção, etc.) encontram-se satisfeitos com suas intenções de investimento, com indicadores acima do nível de otimismo – 104,5 pontos e 100,7 pontos, respectivamente.
A confiança do empresário do comércio melhorou em março nos três grupos de lojas do varejo pesquisados, com destaque para o comércio de produtos de primeira necessidade, com alta de 3,4%. Já o grupo de vestuário, tecidos e calçados aumentou 1,3%, seguido pelo de bens duráveis, que cresceu 1,1%.
Em relação à percepção atual do setor do comércio, o otimismo maior está entre os empresários dos segmentos de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, com alta de 4,6% no mês. Por outro lado, a análise dos varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos recuou 1,5%. Segundo Felipe Tavares, isso ocorreu por conta da maior seletividade da oferta de crédito percebida pelos consumidores, retratada na ICF deste mês.
Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, a recuperação do setor é vista como um sinal promissor para a economia brasileira.
Para Antônio Alberto Aguiar, diretor-executivo de Estabelecimentos na Pluxee,”o crescimento do comércio varejista no Brasil é um indicador positivo para a economia do país. A recuperação do setor após um período desafiador é notável, especialmente considerando o crescimento de vendas dos produtos alimentícios e bebidas. Seguindo este cenário, o uso dos cartões de benefícios como meio de pagamento no varejo também registrou evolução. O comportamento de consumo dos usuários mostra que 32% do crédito é utilizado na primeira semana, representando um aumento de 3,9% em comparação com a utilização na primeira semana de janeiro de 2023. Identificamos também que, no mês de janeiro, em relação ao ano passado, houve crescimento de 3,62% na quantidade de transações em estabelecimentos varejistas. O índice reflete o indicador de geração de emprego formal que, em janeiro de 2024, somou 180 mil empregos com carteira assinada e representa o dobro frente ao mesmo mês de 2023, segundo dados do Caged.”
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacou que essa foi a primeira alta estatisticamente significativa desde o ano passado, refletindo um comportamento positivo após meses de estabilidade e queda. Em janeiro, o setor operava 5,7% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 0,8% abaixo do nível recorde alcançado em outubro de 2020.
Cinco das oito atividades investigadas pelo IBGE apresentaram avanços em janeiro, com os destaques sendo as áreas de tecidos, vestuário e calçados (8,5%) e de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (6,1%), influenciando positivamente o resultado total do comércio varejista. Em janeiro, as vendas no varejo aumentaram 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
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