Vargas e o aumento de 100% do salário mínimo

Reação da elite paulista contra aumento do salário mínimo por Vargas ecoa na campanha da Faria Lima atual

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Getúlio Vargas assina documento
Getúlio Vargas (reprodução TV Câmara)

A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) publicou esta semana em seu site oportuno artigo do jornalista José Augusto Ribeiro, autor da trilogia A Era Vargas, sobre a criação do salário mínimo, no 1º governo Vargas, e a revolta da classe de cima quando Getúlio determinou o reajuste de 100%, em 1952, no 2º governo.

“A garantia do salário mínimo e seu reajuste implicava o realinhamento de todos os outros salários e aumentava a participação dos rendimentos do trabalho no conjunto da renda nacional – e eles chegaram, no governo Jango, a 60% do total, contra 40% dos rendimentos do capital”, narra Ribeiro. “(…) entre 1956 e 1961, a economia do Brasil crescesse a índices que chegaram a 7% ao ano, e o salário mínimo alcançasse seu maior poder de compra de toda a sua história, equivalente a US$ 500 mensais” (hoje, seriam cerca de R$ 3 mil; para o Dieese, o mínimo deveria ser de R$ 6,7 mil).

“Essa promissora distribuição de renda foi revertida logo depois do golpe de 1964, que derrubou o governo Jango. Depois de 64, a relação 60/40 virou ao contrário, 60% para os rendimentos de capital e 40% para os rendimentos do trabalho.”

Destacamos a reação da elite paulista, em manifesto assinado pela Associação Comercial, Federação do Comércio, Bolsa de Mercadorias, Federação das Empresas de Transporte Rodoviário, Federação das Indústrias, Centro das Indústrias, Sociedade Rural Brasileira e Bolsa de Cereais (hoje, essa elite seria representada pela Faria Lima):

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“As medidas de caráter econômico e social decretados pelo Sr. Presidente da República a 1º de Maio bem como o discurso que então pronunciou intranquilizaram as classes produtoras de São Paulo e, por certo, do Brasil… Os conceitos expendidos pelo sr. Presidente da República envolvem um desrespeito a ponderáveis forças nacionais como se procurasse gerar condições propícias a uma transformação do regime.”

A ameaça – nada velada – perdurou até 1954, quando Getúlio se suicidou e adiou o golpe por 10 anos.

Disputa pelo fundo público

Como previsto pela coluna, em fase de vidente, o Congresso mais antipovo da história recente retirou o pobre do orçamento e manteve o rico distante do Imposto de Renda.

Quem perde com fim do Dpvat

O fim do seguro obrigatório para veículos (Dpvat), decretado pelo Congresso, nada tem de favorável aos mais pobres. O que representa é economizar coisa de R$ 50 por ano para donos de picapes e outros carrões de R$ 100 mil, R$ 300 mil ou mais.

Os mais pobres, principais beneficiários das indenizações, ficam à míngua. Perdem também porque parte da arrecadação do antigo Dpvat ia para o SUS, que, afinal, arca com os custos hospitalares da quase totalidade dos acidentes.

Rápidas

O Senado aprovou o PL 2.294/2024, que cria o Exame Nacional de Proficiência em Medicina. Com apoio da SBACV, a proposta exige que formandos sejam aprovados no exame para obter registro nos conselhos regionais *** Felipe Albuquerque, presidente do patronal Sindhleste, integra a diretoria da CNSaúde no mandato 2025/2027. A chapa única foi aclamada na segunda-feira (17) e tem como presidente Breno de Figueiredo Monteiro.

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