Veículos usados a etanol desvalorizam mais que elétricos

Modelos que funcionam apenas com o combustível vegetal perderam mais valor no último ano que os movidos a bateria, aponta estudo

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Carro abastecendo com etanol (Foto: ABr/arquivo)
Carro abastecendo com etanol (Foto: ABr/arquivo)

Com vendas em alta nos últimos anos, os veículos elétricos e híbridos emplacaram no mercado brasileiro 94.616 unidades de janeiro a julho, superando as 93.927 unidades comercializadas entre janeiro e dezembro de 2023, que já tinha sido o melhor ano da história dos automóveis e comerciais leves eletrificados no país, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Apesar desse crescimento, os veículos eletrificados ainda geram dúvidas com relação à desvalorização no mercado.

Estudo da autotech Mobiauto apontou que no período avaliado, de setembro de 2023 a setembro de 2024, a variação média dos modelos movidos somente a eletricidade foi de -8,44%. No caso dos híbridos (convencionais, leves e plug-in), a depreciação foi de -8,17%.

Entre os veículos movidos apenas a combustão, os modelos flex (podem rodar com etanol e gasolina) apresentaram a menor desvalorização do estudo: -6,01%.

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Os carros e comerciais leves e seminovos e usados que rodam somente com gasolina registraram queda de -7,24%, enquanto os modelos a diesel depreciaram, em média, -7,81%.

A maior desvalorização apontada pela pesquisa foi entre os veículos usados que funcionam apenas com etanol: -10,05.

Quando o assunto é carro blindado, o Brasil tem a maior frota do mundo. São quase 340 mil veículos nessa categoria, conforme dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). Em 2023, a entidade registrou mais de 29 mil unidades, cerca de 13% mais do que verificado no ano anterior. Esse mercado, antes restrito a modelos premium, hoje, atende praticamente todos os segmentos, incluindo SUV’s e compactos.

Além disso, levantamento da DRiV Tenneco mostra que um veículo blindado passa por uma modificação estrutural em sua carroceria, com um aumento considerável de peso, podendo chegar até a 250 kg a mais.

Segundo Juliano Caretta, supervisor de treinamento técnico da DRiV Tenneco, mesmo com o uso de materiais mais leves, como o Kevlar, o incremento de peso ainda é alto e afeta diretamente o funcionamento da suspensão.

“Devido ao peso extra, todo o conjunto trabalha de forma constante em uma condição muito mais severa, o que influencia no comportamento e na eficiência dos componentes.”

Caretta acrescenta que isso ocorre porque as peças que equipam originalmente os carros foram projetadas para atuar num limite de peso específico. Ao ser blindado, ele ultrapassará esse limite, alterando todos os parâmetros definidos no projeto original.

“Se um veículo foi homologado para um Peso Bruto Total (PBT) de 3,3 toneladas e ao ser blindado passa para 3,5 toneladas, haverá uma mudança em todas as especificações que foram definidas previamente. No caso da suspensão, significa que ela irá trabalhar com sobrepeso continuamente. E como ela, os freios e os pneus”.

Entre as consequências, além do desgaste prematuro das peças, podem ocorrer mudanças na dinâmica do veículo em frenagens, curvas e acelerações, que podem afetar a dirigibilidade, o conforto e a segurança. Isso se agrava, principalmente, em situações adversas, como condução sob chuva. Por isso, é sempre importante, antes de adquirir um veículo blindado, checar as orientações de uso, verificar os itens cobertos em garantia e o plano de revisões periódicas, fornecidos pela empresa responsável.

Assim como no caso dos blindados, veículos movidos a Gás Natural Veicular (GNV) também são mais pesados do que seus similares originais. Mas nesse caso, há também uma mudança na distribuição do peso pela estrutura do carro, já que o kit de instalação e o cilindro de gás ficam instalados na traseira. Com isso, o conjunto traseiro trabalhará diferentemente do restante dos demais componentes, com o desgaste acelerado das peças e o provável comprometimento da dirigibilidade. Por isso, os motoristas devem ter especial atenção durante a condução, especialmente ao passar por buracos, lombadas, quebra-molas e valetas para evitar danos mais sérios. Também é recomendada uma maior atenção às revisões periódicas, com um intervalo menor do que indicado no manual do proprietário.

A customização de veículos é uma prática bastante apreciada entre muitos motoristas, que modificam as características originais do carro, de acordo com o seu gosto pessoal. Entre as principais modificações está o rebaixamento da suspensão, que consiste na redução do curso das molas e a troca dos amortecedores originais por não originais e mais curtos. Em outros casos, se utilizam amortecedores pneumáticos, que funcionam por meio de bolsas de ar e que permitem regular a altura do veículo. A resolução nº 292 do Contran estipula que, veículos com PBT de até 3,5 toneladas tenham uma altura mínima de 10 centímetros em relação ao solo e que as rodas não encostem em nenhuma parte do carro durante manobras de esterçamento. No entanto, isso não evita a ocorrência de danos mecânicos ou o comprometimento da dirigibilidade. “Um veículo rebaixado não passou por testes de durabilidade e segurança. Tampouco há um padrão para os graus e medidas para a geometria do sistema de suspensão e dos amortecedores, que não foram projetados para esse fim” , ressalta Caretta.

O profissional alerta que, diferentemente do que é afirmado, não existem componentes originais para veículos blindados, rebaixados ou à GNV. Todas as peças oferecidas são produzidas por fornecedores independentes e não possuem certificações de órgãos reguladores, como o Inmetro.

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