Venda de cimento cresceu 6,6% em 2021

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Construção (Foto: divulgação)
Construção (foto divulgação)

As vendas de cimento no Brasil em dezembro somaram 4,8 milhões de toneladas, um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo mês de 2020, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Mas ao analisar a venda de cimento por dia útil, onde é considerado o número de dias trabalhados e tem forte influência no consumo, o volume em dezembro foi de 205,5 mil toneladas, queda de 15,6% comparada com o mês anterior.

Com esse resultado, o setor termina 2021 com um total de 64,7 milhões de toneladas de cimento vendidas, um aumento de 6,6% sobre o ano anterior, e volta ao patamar de comercialização de dezembro de 2015.

Os principais indutores do crescimento da atividade foram a continuidade das construções e reformas através da autoconstrução, as obras imobiliárias e uma pequena retomada de obras de infraestrutura.

Se em 2020 a região que mais cresceu foi a Nordeste, impulsionada principalmente pelo auxílio emergencial, em 2021 essa foi aquela com o pior desempenho. A redução do auxílio, tanto em valor quanto em abrangência, impactou diretamente esse resultado. O destaque positivo foi a região sul que teve o maior crescimento, e onde percebemos uma movimentação em construções de infraestrutura, principalmente em rodovias estaduais e pavimento urbano.

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Com a reabertura da economia, a renda da população foi redirecionada para outros gastos, diminuindo a alocação em construção e reformas. Serviços como entretenimento e viagens, altamente impactados pela pandemia, voltaram a fazer parte dos dispêndios das famílias e disputar uma parcela da sua renda.

“Fatores que estiveram por trás do excepcional desempenho em 2020 começaram a enfraquecer em 2021. A excelente performance do varejo em 2020, com foco em reformas e construções realizadas pelo autoconstrutor perderam folego em 2021. O elevado nível de desemprego, a diminuição da renda, o aumento expressivo da inflação, da taxa de juros e o alto endividamento das famílias foram as principais razões para o arrefecimento do consumo de cimento, culminando no crescimento de 6,4% em 2021”, diz Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

Na contramão do menor ímpeto do autoconstrutor, o mercado imobiliário teve um crescimento robusto. O número de unidades financiadas através do SBPE teve aumento de 351% até novembro. O número de vendas e de lançamentos imobiliários está com crescimento de 22,5% e 37,6%, respectivamente. O ponto negativo ficou por conta do Programa Casa Verde Amarela, com desempenho abaixo da média.

Os indicadores de confiança encerraram 2021 com uma revisão generalizada para baixo. Esse movimento iniciado no segundo semestre, calibrou o otimismo exagerado do primeiro semestre. A confiança do consumidor acabou 2021 em nível abaixo de 2020 e a confiança da indústria caiu pelo 5° mês consecutivo.

A redução do ritmo no consumo das famílias, prejudicadas por uma menor renda, um alto desemprego e o avanço da inflação afetaram o desempenho da economia em 2021, que não conseguiu atingir uma recuperação consistente e generalizada, impactando as expectativas para 2022. A grande pressão inflacionária não impactou somente as famílias, mas também a cadeia produtiva. Houve aumento sistêmico dos custos de produção, com majoração de preços de matérias-primas e commodities.

O setor da construção começa 2022 num cenário bem mais desafiador. A economia está em recessão técnica, a taxa de juros está em ascendência impactando os financiamentos imobiliários, já o poder de compra dos consumidores está diminuindo (a combinação de renda mais baixa e inflação alta é maléfica para a população, que passa a focar suas despesas em bens essenciais como alimentação e vestuário, sobrando menos dinheiro para outros gastos como construção da casa ou reforma).

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