Vendas em bares e restaurantes cresceram 3,2% em dezembro

Mercado de trabalho nos estabelecimentos fechou 2024 com saldo positivo, apesar de queda no último mês do ano

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Restaurante (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Restaurante (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

Levantamento realizado pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em parceria com a Future Tank, revelou que a receita real do setor de alimentação, liderado por bares e restaurantes, registrou um crescimento de 3,2% em dezembro de 2024 em comparação com o mesmo mês de 2023. O dado já considera a inflação, refletindo o desempenho positivo do setor. Este foi o 14º mês consecutivo de alta, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

No acumulado de 2024, o setor de alimentação apresentou um crescimento real de 5,5% em relação ao ano anterior, reforçando a recuperação e expansão do segmento. Além disso, o bom desempenho do setor de alimentação teve um impacto significativo no avanço do setor de serviços como um todo, que cresceu 3,1% em 2024.

Ainda segundo a ANR e a Future Tank, com base nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o setor de restaurantes no Brasil fechou 5.991 postos de trabalho em dezembro, revertendo a sequência de nove meses positivos. O desempenho no mês foi inferior ao registrado em dezembro de 2023, quando houve o fechamento de apenas 507 vagas. No entanto, no acumulado de 2024, o saldo foi positivo com a geração de 47.208 empregos formais.

O resultado negativo de dezembro foi impulsionado pelo fechamento de vagas em 18 das 27 unidades da federação. Os estados que mais contribuíram para a retração foram São Paulo (-3.152), Paraná (-1.222) e Rio Grande do Sul (-1.192). Entre os nove estados que tiveram saldo positivo de contratações no mês, os destaques são Bahia (867), Santa Catarina (457) e Alagoas (194).

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A retração observada em dezembro era esperada devido a uma série de fatores. As incertezas do cenário político e econômico geraram apreensão por parte dos empresários, levando muitos a segurarem investimentos e contratações. Além disso, as empresas que estão em expansão enfrentam dificuldades para contratar. Além do Brasil manter uma taxa de desemprego preocupante, o varejo absorve grande parte da mão de obra temporária durante o mês de dezembro. Outro fator relevante é o aumento dos custos dos alimentos e a redução do poder aquisitivo das famílias, o que impacta diretamente o consumo e dificulta a contratação e ocupação de vagas, mesmo para aqueles que buscam expandir seus negócios.

Apesar da retração em dezembro, o setor acumulou saldo positivo no ano, gerando mais empregos em 26 das 27 unidades da federação. São Paulo liderou as contratações, com 13.617 novos postos de trabalho, seguido por Rio de Janeiro (6.750) e Minas Gerais (4.450). O Rio Grande do Sul teve o pior desempenho anual, com o fechamento de 2.461 vagas, reflexo das enchentes ocorridas entre abril e maio.

O resultado positivo de 2024 ficou abaixo do desempenho de 2023, quando o setor registrou a criação de 71.495 empregos. A desaceleração do ritmo de contratações indica desafios para o setor que segue atento às oscilações econômicas e ao impacto de eventos climáticos em algumas regiões do país.

“O setor de restaurantes continua sendo um grande gerador de empregos no Brasil, mesmo diante das adversidades. A retração observada em dezembro era esperada e o saldo positivo ao longo do ano demonstra a resiliência do segmento. Para 2025, será fundamental acompanhar o cenário econômico e buscar políticas que incentivem a manutenção e ampliação dos postos de trabalho”, avalia Fernando Blower, diretor-executivo da ANR.

O setor de bares e restaurantes segue registrando crescimento na remuneração dos trabalhadores. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta ontem pelo IBGE, os salários médios atingiram um novo recorde pelo terceiro trimestre consecutivo, chegando a R$ 2.194.

Apesar da valorização salarial, o nível de emprego no segmento permanece estável, com 5,63 milhões de pessoas ocupadas. O levantamento considera os dados da categoria Alojamento e Alimentação, na qual bares e restaurantes representam cerca de 85% das vagas.

Para Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a dificuldade em encontrar profissionais qualificados tem impulsionado os aumentos salariais.

“A mão de obra qualificada é essencial para a sustentação do crescimento do setor, mas a maioria dos estabelecimentos enfrenta desafios para preencher vagas. Com isso, os empresários têm investido em salários mais competitivos e benefícios adicionais para reter funcionários, mesmo diante de dificuldades financeiras”, afirma.

Segundo uma pesquisa da Abrasel realizada em fevereiro, 25% das empresas operaram no vermelho em janeiro, um aumento de 7 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Outras 38% relataram estabilidade financeira, enquanto apenas 36% registraram lucro. Além disso, 40% dos negócios ainda enfrentam dívidas em atraso.

Diante desse cenário, a expectativa para o primeiro semestre de 2025 é de manutenção dos empregos. O levantamento da Abrasel indica que 65% das empresas pretendem manter o quadro atual de funcionários até o meio do ano, enquanto 19% planejam contratar e 16% preveem cortes.

“O esforço dos empresários para equilibrar as contas sem comprometer a equipe tem sido enorme. O setor sabe que precisa valorizar os profissionais para garantir a qualidade do serviço e, ao mesmo tempo, lida com margens apertadas”, conclui Solmucci.

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