As projeções de vendas do varejo feitas pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), em parceria com a FIA Business School são de queda do volume comercializado tanto no conceito restrito, no qual se exclui veículos e material de construção, como no ampliado, onde esses segmentos estão considerados. A previsão é de recuo de 2,86% do varejo restrito e um pouco maior do ampliado, isto é, 3,26%.
Essa queda é mais preocupante por ser de forma disseminada considerando os segmentos classificados pelo FIBGE. De fato, apenas os segmentos de alimentos (1,1%) e supermercados (1,18%) mostram tendência positiva. Para todos os demais estima-se retrocesso, para alguns, quedas muito acima da tendência histórica: livros e revistas (-56,88%), artigos de uso pessoal (-15,69%), móveis e eletrodomésticos (-13,85%), material de construção (-4,87%), tecidos e vestuário (-4,67%), veículos e peças (-3,92%), material de escritório (- 3,89%), combustíveis e lubrificantes (-1,4%), artigos médicos e farmacêuticos (-0,43%).
Para Claudio Felisoni, presidente do Ibevar e professor da FIA Business School, “Esses resultados estão muito associados ao recrudescimento das pressões inflacionárias. Tal situação pode ser explicada pelas seguintes razões: fatores climáticos, gastos públicos, preço do petróleo e aquecimento da demanda (emprego e salário mínimo)”, diz.
Além disso, o índice Iget, desenvolvido pelo departamento econômico do Santander no Brasil em parceria com a Getnet, que acompanha o desempenho do comércio varejista, apresentou resultados contrastantes em janeiro de 2025. O setor de serviços registrou virtual estabilidade, enquanto os índices para o varejo restrito e ampliado, sofreram retração após os bons desempenhos observados no final de 2024.
De acordo com os dados divulgados, o IGet Serviços apresentou leve queda de -0,1% em relação a dezembro. O setor de alojamento e alimentação teve nova retração (-1,8% no mês).
Já o IGet Varejo Ampliado registrou queda de -0,9% em janeiro, contrastando com a leve alta de 0,1% em dezembro e o expressivo crescimento de 5,1% em novembro. No comparativo anual, o índice ainda apresentou crescimento de 2,8%. O IGet Varejo Restrito, por sua vez, recuou -1,6% no mês, apesar de uma variação positiva de 4,5% em relação a janeiro do ano anterior.
No varejo restrito, apenas combustíveis (2,2%) e outros artigos de uso pessoal (9,9%) registraram crescimento. Em contraste, houve retração em segmentos importantes, como vestuário (-10,7%) e supermercados (-3,5%), devolvendo parte dos ganhos significativos registrados nos meses anteriores. No varejo ampliado, o desempenho foi misto: enquanto o segmento de automóveis, partes e peças cresceu 0,5%, o de materiais de construção recuou -1,1%.
“O desempenho do varejo em janeiro aponta uma desaceleração após o forte crescimento observado no final de 2024. Por outro lado, o setor de serviços mantém certa estabilidade, refletindo a acomodação da demanda em alguns segmentos”, avalia Fabio Coelho, vice-presidente de Finanças da Getnet.