Vendas virtuais cresceram 287% em sete anos

Segundo Fecomércio-SP, Região Norte ainda lida com dificuldades no comércio eletrônico em razão de problemas logísticos

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E-commerce venda online / comércio eletrônico (Foto: Pixabay/CC)
E-commerce (foto Pixabay/CC)

Em um intervalo de sete anos, os varejos eletrônicos de Alagoas, Goiás e Mato Grosso foram os que mais cresceram no Brasil, em termos de consumo, aponta um grande estudo produzido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Na contramão desse movimento, estados como Acre e Mato Grosso do Sul apresentaram os saltos mais tímidos do período – e, surpreendentemente, o Rio de Janeiro também registrou um crescimento mais lento do que a maioria das outras unidades.

Entre 2016 e 2023, o e-commerce brasileiro cresceu 286%, passando de R$ 53 bilhões em receitas no primeiro período para R$ 205 bilhões no ano passado, ambos os valores a preço de agosto de 2024. Nesse processo, alguns estados são campeões, enquanto outros tiveram desempenhos relativamente menores.

Os números mostram que, em Alagoas, as vendas do comércio eletrônico no estado movimentaram de pouco mais de R$ 383 milhões, em 2016, para R$ 2 bilhões, em 2023 – um salto de 436,9%. Em Goiás, essa alta é ainda mais impactante, considerando os valores envolvidos: de R$ 1,2 bilhão, no primeiro período, para R$ 6,2 bilhões, no ano passado, representando uma elevação de 399% nesse mercado. No Mato Grosso, que completa esse pódio, a subida foi de cerca de 374%.

O Acre, por sua vez, apontou o pior desempenho, com um crescimento de 170% em sete anos (de R$ 101 milhões para R$ 274 milhões), ficando à frente só de Roraima, que faturou R$ 206,3 milhões em 2023. Segundo a Fecomércio-SP, nenhum estado do Norte alcança R$ 1 bilhão em vendas virtuais desde 2016, muito em decorrência de problemas logísticos, como estradas ruins e poucos acessos, especialmente nas áreas rurais, o que encarece o frete e torna os produtos menos competitivos.

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Já no Rio de Janeiro, embora tenha o terceiro maior mercado consumidor do comércio eletrônico brasileiro, com quase 10% de participação entre todas as vendas do país, as receitas do estado subiram 226%, entre 2016 e 2023, bem abaixo da média nacional (286,7%). No ano passado, vale dizer, as vendas do setor na região somaram cerca de R$ 20 bilhões. Na visão da Federação, a insegurança logística tem um peso decisivo nessa conjuntura, já que o excesso de ocorrências envolvendo cargas roubadas limita o envio de mercadorias, sobretudo para a capital, também encarecendo o frete.

Após o salto na pandemia, quando o setor chegou a crescer 80,9% no país, entre 2019 e 2020, as taxas de elevação das vendas têm arrefecido anualmente, mas sustentando o mesmo patamar desde então. Em 2021, a alta foi de 34,1% em comparação ao ano anterior, e em 2022, de 9,9%. No ano passado, essa porcentagem foi bem mais tímida (0,2%).

Analisar a composição desse dado ajuda a entender o motivo de, nos estados, o comércio eletrônico também ter diminuído a marcha. Em São Paulo, por exemplo, que representa um terço do setor no país, as receitas caíram 1,6% entre 2022 e 2023. Considerando que se trata do maior mercado consumidor – e, ainda, do principal emissor de mercadorias no Brasil -, essa retração é sentida em todas as outras regiões.

Os mesmos problemas estruturais que frearam o crescimento entre 2016 e 2023 também causaram quedas mais acentuadas nos estados do Norte nos últimos dois anos. Roraima teve o pior desempenho (-10,3%), seguido pelo Amapá (-6,1%) e Amazonas (-5,9%). Por outro lado, Mato Grosso do Sul cresceu 46,5% entre 2022 e 2023, apesar de partir de uma base baixa. O Piauí também se destacou, com um aumento de 18,3%, alcançando R$ 1,7 bilhão em receitas.

Além de São Paulo, entre os grandes mercados do e-commerce, os resultados também foram distintos: Minas Gerais cresceu 3%, enquanto o Rio subiu 1%. O desempenho de Santa Catarina, que vem crescendo ano a ano, também foi bom (3,3%). Dentre as maiores quedas, além dos estados do Norte, destacam-se o Ceará (-7%) e o Paraná (-4,1%).

Ainda segundo a Fecomércio-SP, o comércio eletrônico brasileiro vendeu, em 2023, o maior montante da sua história. No total, as receitas somaram R$ 205,1 bilhões – expansão tímida de 0,2% em relação a 2022. É significativo que, há sete anos, esse montante era quatro vezes menor (R$ 53 bilhões em 2016, considerando a inflação). Tão relevante quanto é o fato de o e-commerce ter consolidado a própria posição no varejo nacional, representando o equivalente, atualmente, a 6,9% de todas as vendas desse imenso setor que dinamiza a economia do país e tem força relevante na composição do Produto Interno Bruto. Sete anos atrás, esse percentual era de 2,4%.

O smartphone foi o produto campeão de vendas de 2023, com um volume de compras de R$ 10,8 bilhões no setor. Esse valor é quase o dobro da segunda mercadoria mais adquirida pela internet no ano (livros e impressos semelhantes), somando R$ 6,7 bilhões. Na sequência, estão aparelhos de televisão (R$ 5,6 bilhões) e geladeiras (R$ 5,3 bilhões).

Na análise da entidade, a pandemia foi um momento definitivo para o salto do comércio eletrônico. Em 2020, por exemplo, o setor aumentou o faturamento em 80,9% em comparação ao ano anterior – último antes da crise sanitária. Foi uma elevação quase quatro vezes maior do que a registrada entre 2018 e 2019. Desde então, o a venda pela internet sustentou esse avanço das receitas, ainda que não na mesma velocidade. O ano de 2023 foi o segundo em que o volume total ficou acima dos R$ 200 bilhões.

Os dados da Fecomércio-SP ainda mostram que São Paulo é o maior mercado consumidor de produtos no e-commerce, assim como é de onde sai a maior parte das vendas para outras unidades federativas, levando em conta apenas transações realizadas por empresas sediadas no Brasil e entre empresas e consumidores. No ano passado, 32% de toda a movimentação do setor, em nível nacional, foi realizada em São Paulo. Em outras palavras, de cada R$ 100 que circularam pelo comércio eletrônico do país, R$ 33 passaram pelo mercado consumidor paulista.

Dois outros estados do Sudeste completaram esse pódio – Minas Gerais (R$ 23,1 bilhões, ou 11,3% de todas as vendas do e-commerce) e Rio de Janeiro (R$ 19,9 bilhões). De acordo com a entidade, são dados que se explicam, dentre vários fatores, pela maior facilidade logística da região e pela sua participação mais intensa na composição do PIB brasileiro. Da mesma forma, São Paulo é o maior emissor de produtos comprados online no país, em uma posição ainda mais determinante: um a cada dois itens intercambiados no e-commerce brasileiro sai do estado. Em termos percentuais, esse volume chega a 48,5%

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