Vendas virtuais em São Paulo vão faturar 32% a mais em 2020

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Carrinho de compras. Foto: divulgação
Carrinho de compras. Foto: divulgação

Em um ano economicamente turbulento, o comércio eletrônico paulista desponta como um alívio para o consumo em 2020: segundo projeção da Pesquisa Conjuntural do Comércio Eletrônico (PCCE), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), o setor terminará 2020 com crescimento de 32% no faturamento real em relação a 2019 – um crescimento que, em números absolutos, é da ordem de R$ 7 bilhões a mais nas receitas. Confirmando o montante de vendas previsto pela Federação para o quarto trimestre (R$ 9,3 bilhões), impulsionado pela Black Friday, no mês passado, e pelas compras de Natal, o resultado deste ano do comércio eletrônico trará um faturamento de R$ 29,2 bilhões (em 2019, ele foi de R$ 22,1 bilhões, o que já representava uma alta de 15% em comparação a 2018).

A curva ascendente deve continuar em 2021, segundo a Fecomércio-SP: com mais consumidores se adaptando às compras virtuais e em meio às incertezas diante de uma segunda onda da pandemia, o comércio eletrônico deve crescer 6% no próximo ano, atingindo a cifra de R$ 31,1 bilhões.

A previsão é corroborada, principalmente, pelo fato de a maior expansão nas receitas em 2020 ter acontecido no segundo trimestre, período em que a crise do novo coronavírus estava no auge no Brasil: entre abril e junho, o montante arrecadado pelo comércio eletrônico subiu 54% em relação ao mesmo período de 2019. Foi neste mesmo intervalo de tempo que o comércio eletrônico melhorou sua participação no varejo como um todo, assumindo 4,6% do mercado.

O desempenho também foi positivo nos outros trimestres analisados: 16%, no primeiro, e 24%, no terceiro. Os resultados expressivos do comércio eletrônico foram alcançados principalmente pela demanda de produtos duráveis, como os relacionados à linha branca e aos computadores, por exemplo, que registrarão crescimento de 39% no comércio eletrônico em 2020. No entendimento da entidade, isso se explica pela necessidade de muitos lares na adaptação à rotina da quarentena, o que incluiu a compra de dispositivos eletrônicos e móveis.

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A alta na compra de itens semiduráveis, como roupas e calçados, também será significativa: 25%. Os não duráveis, por sua vez, vão aumentar as receitas dos agentes do setor em 10%.

Depois de registrar crescimento significativo nas vendas (aumento de 18% entre 2018 e 2019), o setor de serviços na cidade de São Paulo vai sentir o impacto da pandemia nas receitas de fim ano: segundo projeção da Pesquisa Conjuntural do Setor de Serviços (PCSS), também da Fecomércio-SP, ele deverá acabar 2020 com queda de 2% no faturamento real, alcançando a cifra de R$ 419 bilhões.

Apesar da queda prevista para o faturamento do setor de serviços na capital ao longo do ano, o resultado pode até ser comemorado, no entendimento da Federação, já que a restrição de circulação no primeiro semestre e a crise econômica decorrente da pandemia colocaram os serviços em um dos piores momentos de sua história.

Por um lado, a queda se explica, em boa parte, pelos maus resultados das atividades de turismo e hospedagem, que vão fechar o ano em queda de 59% nas receitas, além daquelas relacionadas à educação (-13%) e empresas que fazem parte do Simples Nacional (-13%). Das 13 atividades que compõem o indicador, cinco vão terminar o ano em retração. Por outro, o que impediu uma diminuição mais brusca do faturamento foi o desempenho de setembro, que bateu o recorte histórico de faturamento: R$ 37,2 bilhões – alta de 3,1% em relação ao mesmo mês de 2019. Esse número se deve, principalmente, à melhora das vendas nas atividades de mercadologia e comunicação, que foi de 17,4%, seguida por bancos, instituições financeiras e securitárias (13,6%) e pela demanda sobre a construção civil (9,3%).

As projeções da Fecomércio-SP para 2021, no entanto, são positivas: aumento de 2% no faturamento em relação a 2020, motivado pela volta, ainda que lenta, das famílias ao consumo; pela retomada gradual de viagens domésticas e, posteriormente, dos eventos culturais e corporativos; e, num cenário mais adiante, pela vacinação contra o coronavírus a um público mais amplo da cidade.

Já levantamento da Neotrust/Compre & Confie apontou que a Black Friday revelou um comportamento inusitado em 2020: além dos tradicionais dias, o início do mês também registrou um grande volume de vendas, que ganharam força a partir do dia 13 de novembro, atingindo uma variação maior que 60% no faturamento até o dia 26 do mesmo mês, quando comparado ao ano anterior. A variação, porém, regrediu quando considerado as vendas do dia 27 de novembro, atingindo crescimento de 48%.

No período também houve um aumento expressivo de novos consumidores no comércio eletrônico. O estudo revela que todos estes dias (13 a 26 de novembro) registraram crescimento de pelo menos 65% em consumidores únicos. Já no dia 27, a alta deste público foi de 45%.

Diferente de 2019, as vendas de segunda à quarta-feira da semana da Black Friday foram um sucesso. Segundo a Neotrust/Compre & Confie, o faturamento atingiu R$ 1.847.587,794, valor que representa alta de 109,4% em relação ao mesmo período do ano passado.

Analisando o volume de pedidos, a alta foi de 83,8%, totalizando 4,13 milhões. Além de comprar mais, os consumidores também fizeram compras mais caras: em 2020, os dias de 23 a 25 de novembro tiveram as compras com média de R$ 446, valor 30,5% maior que 2019.

Apesar de economizar nos produtos, os brasileiros pagaram mais caro para receber as suas compras em casa. No início da semana da Black Friday, o valor médio do frete teve alta durante os dias do período, atingindo um crescimento de até 67% no dia 26, comparado ao mesmo dia em 2019.

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