Em 2019, os brasileiros fizeram 20,9 milhões de viagens; em 2020, 13,6 milhões, e em 2021, 12,3 milhões. O número de viagens caiu 41% entre 2019 e 2021. Em 2020, 98% das viagens foram nacionais e, no ano passado, esse percentual foi de 99,3%. O índice de viagens internacionais caiu de 3,8% em 2019 para 0,7% em 2021.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Turismo 2020-2021, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, a proporção de domicílios em que algum morador viajou caiu de 21,8% em 2019, para 13,9% em 2020, e para 12,7% em 2021.
Na análise do IBGE, apesar de o turismo ter sido fortemente afetado pela pandemia com a necessidade de isolamento social e pelo fechamento de vários estabelecimentos turísticos, o motivo de não ter dinheiro para viajar permaneceu sendo o principal para a queda das viagens.
A analista da pesquisa, Flávia Vinhaes, também destaca que a crise sanitária, com as medidas de afastamento social, a impossibilidade de pegar voos, o medo de contrair a doença ou mesmo por ter sido infectado pelo novo coronavírus, foi importante fator para a diminuição das viagens nacionais e internacionais nos dois últimos anos.
A Pnad levantou, pela primeira vez, os gastos com turismo. Em 2021, as despesas totais em viagens nacionais com pernoite somaram R$ 9,8 bilhões, contra R$ 11 bilhões em 2020. Em 2021, os maiores gastos foram em viagens para São Paulo (R$ 1,8 bilhão), Bahia (R$1,1 bilhão) e Rio de Janeiro (R$1 bilhão).
Uma em cada cinco viagens (ou 20,6% delas) foi para o estado de São Paulo, o destino mais procurado. Minas Gerais (11,4%) e Bahia (9,5%) vieram em seguida.
Em cerca de um terço (33,1%) dos domicílios com renda per capita de quatro ou mais salários mínimos, algum morador viajou em 2021. Por outro lado, em apenas 7,7% dos domicílios com renda per capita abaixo de meio salário mínimo, algum morador viajou no ano passado.
Nos domicílios com renda per capita abaixo de meio salário mínimo, 35,1% das viagens pessoais foram para tratamento de saúde e apenas 14,3% para lazer. Já nos domicílios com renda per capita de quatro ou mais salários mínimos, 57,5% das viagens foram para lazer e apenas 4,4% para tratamento de saúde. Entre os motivos de lazer, em 2020, 55,6% das viagens foram em busca de turismo de sol e praia. Em 2021, esse percentual foi de 48,7%. Viagens de natureza, ecoturismo ou aventura responderam por 20,5% em 2020 e 25,6% em 2021.
Cerca de 57,2% das viagens de 2021 foram em carro particular ou de empresas, 12,5% em ônibus de linha e 10,2% de avião. Do total de viagens em 2021, cerca de 14,6% foram profissionais e 85,4%, pessoais.
Como principal local de hospedagem, a casa de amigos ou parentes superou as demais modalidades, representando, em 2021, 42,9% entre as alternativas. Em segundo lugar, ficou a opção hotel, resort ou flat, com 14,7%, diz o IBGE.O setor de viagens corporativas manteve, em maio, a recuperação registrada desde o início do ano, com um faturamento no mês próximo aos números de 2019, antes da pandemia da Covid-19.
Já pesquisa da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) aponta que o segmento faturou em maio deste ano R$ 1,093 bilhão, apenas 2,4% abaixo do mesmo mês de 2019, quando atingiu R$ 1,120 bi. Em relação a abril de 2022, com quase R$ 875 milhões, houve um expressivo crescimento, de 25%.
Caso o desempenho se mantenha em expansão nos próximos meses e no segundo semestre, tradicionalmente melhor para o setor, as projeções indicam um crescimento de cerca de 20% no faturamento deste ano em comparação a 2019.
“As projeções são otimistas para o faturamento do ano, puxado principalmente pelo aumento das passagens aéreas, que tem um peso de 65% no total, mas ainda esperamos uma recuperação no número de viagens, que continua 35% abaixo a 2019”, diz Gervásio Tanabe, presidente-executivo da Abracorp.
O destaque em maio foi o serviço de locação, que atingiu a marca de RS 33 milhões, ou seja, 3,4% do faturamento total do setor.
Ainda conforme o levantamento da entidade, outros segmentos com alta em relação a 2019 foram cruzeiros, com faturamento de R$ 115 milhões, frente a R$ 81 milhões em maio de 2019; e viagens lazer, que faturou R$ 9 milhões, contra R$ 7 milhões maio do mesmo ano.
O setor de agências de viagens chegou a perder em torno de 50% dos empregos entre 2019 e 2021, em razão da retração das viagens corporativas. Em 2022, porém, na avaliação da Abracorp, já se espera uma recuperação dos empregos, que vêm sendo retomados desde o início deste ano, mas mão de obra está difícil.
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