O isolamento social imposto como uma das medidas de contenção do coronavírus já começou a mostrar seus efeitos sobre os registros de violência doméstica em algumas cidades brasileiras.
No Rio de Janeiro, o plantão judiciário registrou crescimento de 50%. Em Curitiba, as delegacias de plantão tiveram aumento no número de casos de violência doméstica no primeiro fim de semana de confinamento. "Com a orientação para que as pessoas fiquem nas suas residências, o número de ocorrências entre as pessoas em casa, como briga entre marido e mulher, briga entre irmãos, tem aumentado muito", afirma o comandante da PM, coronel Hudson Teixeira.
No Help Centro de Desenvolvimento Social e Capacitação Humana, casa abrigo que acolhe mulheres em situação de violência na Baixada Santista, em São Paulo, o movimento triplicou, passando da média de duas vítimas para seis em um único dia.
Por outro lado, a queda no número de denúncias registradas pela polícia de Santa Catarina acendeu o alerta para a urgência de divulgar os canais de atendimento de acionamento remoto. Denúncias de violência doméstica caem 65% em SC; polícia divulga novos canais de denúncia
Na Paraíba, entrou em vigor nesta semana lei que determina, sob pena de multa, que os condomínios residenciais denunciem à polícia as ocorrências de violência doméstica.
Já a Secretaria da Mulher do Distrito Federal lançou campanha na última quarta com o slogan "Mulher, você não está só". O objetivo é informar as vítimas que os serviços de proteção não pararam em decorrência do isolamento social, mas sofreram alterações no funcionamento.
Preocupados com o aumento da violência contra a mulher neste período de isolamento, os juízes e juízas de violência doméstica reforçam a divulgação de que estão atendendo as mulheres e analisando todos os pedido de medidas protetivas. A Casa da Mulher Brasileira mantém o funcionamento 24h. Informam ainda que os serviços de acolhimento também estão mantidos.
No Rio, a diretora de Mulheres da OAB-RJ, Marisa Gaudio, e a presidente da OAB Mulher-RJ, Rebeca Servaes, participam hoje (sexta, 27) de live às 15h sobre "Violência contra a mulher durante a quarentena", no perfil @diretoriamulheresoabrj no Instagram.
A ONU Mulheres afirma que, em um contexto de emergência, os riscos de violência doméstica contra mulheres e meninas são maiores devido ao aumento das tensões em casa. Na China, as denúncias de agressão a mulheres no ambiente familiar subiram três vezes durante o período de confinamento, e muitas das vítimas não tinham ideia a quem recorrer.
Temendo que o mesmo possa acontecer no Brasil neste período de isolamento social, Marisa Gaudio e Rebeca Servaes irão falar sobre os meios disponíveis para que a mulher nessa situação possa obter ajuda.
Com informações da Agência Patrícia Galvão