Volatilidade

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Mais um dia de intensa volatilidade nos mercados. O Ibovespa começou em boa alta, refletindo o bom resultado da Goldman Sachs. Ao longo do dia chegou a esboçar uma reversão para depois, ao fim do dia, esboçar uma boa reação.
De relevante neste dia, o bom resultado do Goldman, com lucro líquido em forte alta no exercício 2007 (até novembro). Este resultado anual acabou surpreendendo, totalizando US$ 11,6 bilhões, com alta de 22% contra o ano anterior e leve aumento no quarto trimestre de 2,0%, para US$ 3,21 bilhões. Por outro lado, continua repercutindo mal o reposicionamento da Morgan Stanley em relação a carteira de ações de empresas brasileiras, sugerindo sua redução. Por fim, causou boa impressão o anúncio de um pacote de medidas para regulamentar o sistema de crédito dos EUA.
Estas medidas do Fed sugerem uma série de novas regulamentações para dificultar a concessão de empréstimos imobiliários e, principalmente, acabar com as práticas duvidosas recorrentes no setor de empréstimos de alto risco (subprime). Para o presidente do Fed, Ben Bernanke, visam “proteger os consumidores de fraudes, enganos e falta de lealdade no mercado de empréstimos hipotecários”.
Segundo o presidente do Fed, “nossa meta é promover práticas de empréstimos responsáveis, do interesse dos consumidores individuais e da economia”. Estas propostas possuem duas linhas de ação pré-definidas, uma para o conjunto dos empréstimos imobiliários e outra dos subprime, detonadores da crise financeira atual. Com estas medidas, estes empréstimos entrariam numa nova categoria chamada “empréstimos imobiliários a preços mais elevados”.
Nos empréstimos subprime, os credores teriam agora obrigação de examinar a capacidade de pagamento dos clientes, verificar suas fontes de renda, e só poderiam impor penalidades de pagamento antecipadas somente em casos bem precisos, indicou o banco central dos EUA. Ou seja, as novas regulamentações têm por objetivo tornar mais seletiva e rígida a concessão de empréstimos, evitando o que o ocorreu neste ano.
Voltando-se ao cenário doméstico, continua na ordem do dia o pacote de fim de ano a ser elaborado para compensar as perdas com a não prorrogação da CPMF. Parece certo a elevação da alíquota do IOF, incidente sobre as operações de crédito, câmbio, seguros e valores mobiliários (embora estes estejam zerados). Esta decisão não precisa passar pelo Congresso podendo ser aprovada por decreto lei no Executivo. Outra medida em estudo é a elevação do IPI, o que demandaria cerca de 90 dias de quarentena para começar a vigorar. Não acreditamos numa elevação do IR, pelos custos políticos de tal decisão. Outra alternativa será cortar investimentos, mas estes já vem sendo contingenciados há um bom tempo. Nos últimos anos, apenas 33% dos recursos orçados nesta rubrica foram liberados. Alguma decisão deve sair ainda nesta semana.
Julio Hegedus Netto – Economista-chefe Lopes Filho & Associados, Consultores de Investimentos
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