Assim que foi eleito para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) começou a examinar os pedidos de retomada imediata da renda básica emergencial. O novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também é simpático à ideia.
Essa pauta mostra que não será fácil a convivência entre os novos presidentes e a equipe econômica do Governo Bolsonaro, como chegou-se a especular. Temas como privatização da Eletrobras, fechamento de agências do Banco do Brasil e até a Reforma Administrativa, apontada pelo ministro Paulo Guedes como essencial dentro de seu projeto, enfrentarão resistência.
O Centrão está longe de ser um bloco coeso. Interesses regionais movem seus integrantes. Parlamentares do Nordeste sabem o desgaste que será a privatização da Eletrobras na região. Igualmente, quem tem base nas pequenas cidades – ponto forte do Centrão – reluta em reduzir o atendimento do Banco do Brasil ou demitir servidores públicos.
Não vai longe o tempo em que Eduardo Cunha comandou a Câmara dos Deputados com apoio do Centrão e jogou no colo do Governo Dilma as chamadas “pautas-bomba”.
Arthur Lira destacou que é preciso construir uma pauta emergencial para resguardar a vida dos cidadãos, dinamizar a economia, criar empregos e preservar a responsabilidade fiscal.
A volta da renda emergencial é dada como certa, por unir interesses de empresários, políticos e do presidente Jair Bolsonaro, que vê sua popularidade – inflada pelos pagamentos no ano passado – derreter como picolé no calor de 40º do Rio de Janeiro após o fim do auxílio.
Alimentação foi o principal gasto com o auxílio emergencial. Ao fomentar o consumo das famílias, teve um papel importante na recuperação econômica. No terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% em comparação com os três meses anteriores. As cinco primeiras parcelas contribuíram para elevar em 6,5% o PIB dos estados do Norte e Nordeste, segundo estudo dos economistas Écio Costa e Marcelo Freire, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFPE).
Com o fim do benefício, quase 27 milhões de brasileiros voltaram à linha de pobreza extrema no país, sem conseguir garantir o sustento de suas famílias. De acordo com os dados da Caixa, com o fim do pagamento deixam de ser injetados na economia R$ 32,4 bilhões por mês.
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