O percentual de fluminenses que não conseguem pagar suas contas teve queda de 0,12% na comparação entre dezembro e novembro de 2023. Em números concretos, 12.666 consumidores saíram do endividamento. Os dados fazem parte do Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa.
Apesar da redução significativa, a inadimplência segue alta no estado – com 53,05% da população comprometida em dezembro ou 7.299.680 CPFs nessa situação. Ao olhar para o panorama nacional, ainda é possível observar que o Rio de Janeiro teve a menor queda entre as 25 unidades federativas que apresentaram redução de endividados no mês.
De acordo com o levantamento, o valor total de débitos em dezembro no estado chegou à soma de R$ 38,3 bilhões, o que significa uma dívida média de R$ 5.263,21 por fluminense endividado. Ainda assim, houve redução de 0,79% em relação aos déficits de novembro – R$ 5.305,31.
O motivo da maior parte das dívidas está concentrado em três setores: contas básicas de água, luz e gás (31,27%), bancos e cartões (30,55%) e financeiras (17,57%). Entre as faixas etárias, os maiores inadimplentes fluminenses tinham entre 41 e 60 anos (35,3%), seguidos pela população de 26 a 40 anos (30,6%) e por pessoas acima de 60 anos (24,1%).
Já em São Paulo, as famílias encerraram 2023 menos inadimplentes do que entraram. Segundo a pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (Peic), elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), houve redução de 2,9 pontos percentuais no número de lares com contas em atraso no último ano – embora o número permaneça alto: em 22,7% em dezembro.
“Da mesma forma, o fato de 10,1% das casas em São Paulo não terem condições de pagar as dívidas é preocupante. Na avaliação da federação, os números mais favoráveis se explicam pela inflação, que está voltando a uma trajetória mais comportada desde o início de 2023, e do consequente início do ciclo de corte da taxa básica de juros, a Selic, que deve acabar o ano de 2024 de volta à casa de um dígito (9%)”, diz a entidade.
Caiu também o endividamento das famílias: de 74% para perto de 69% em um ano. O resultado se explica, para a federação, pelo elevado custo do crédito. Ao mesmo tempo, as taxas de juros ainda elevadas dificultaram o acerto de muitas contas antes de o ano acabar, além do fato de muitas famílias estarem priorizando gastos essenciais e deixando a reorganização financeira para o futuro. Os mutirões de renegociação das instituições financeiras e os programas de descontos, como o Desenrola Brasil, também não tiveram efeitos significativos, o que corrobora para um cenário ainda de dificuldades financeiras das famílias.
Considerando as diferenças por faixa de renda, o percentual de famílias que ganham até 10 salários mínimos e que têm contas em atraso saiu de 25,5% para 22,7% em um ano – redução de mais de 3 p.p. Já a proporção daquelas com renda superior a 10 salários mínimos e inadimplentes passou de 11,1% para 11,8%.
O cartão de crédito seguiu mais uma vez como o principal fator de endividamento das famílias: foi a dívida apontada por 84,9% dos endividados em dezembro. Houve aumento significativo também das famílias que estão utilizando o cheque especial (de 5,2% para 6,1% em um ano), o crédito pessoal (de 10,6% para 14,1%) e o financiamento imobiliário (de 9,0% para 13,1%).
Outro dado preocupante é que permanece alta a parcela da renda comprometida com dívidas. Em dezembro, as despesas representavam 31,8% dos rendimentos das famílias paulistanas. Quase um terço delas (27,3%) revelaram ter mais de 50% da renda comprometida com o cumprimento das obrigações parceladas, apontando para uma necessidade maior dos consumidores complementarem a renda via crédito, por mais caro que os juros estejam.
Apesar dos desafios enfrentados em 2023, a melhora das condições econômicas fica evidente ao observar como as famílias chegaram ao final do ano passado. A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias paulistanas (ICF), da Fecomércio-SP, passou de 94,7 pontos em dezembro de 2022 para 113,3 pontos em dezembro de 2023, apontando para uma alta de 19,6% no período.
O número foi puxado, sobretudo, pela melhora da percepção sobre as condições atuais de renda e emprego. É por isso que a perspectiva para o futuro é boa: houve um aumento na confiança em relação à perspectiva profissional, que passou de 116,8 para 125,4 pontos em um ano. Aconteceu a mesma coisa com o indicador que mede a perspectiva de consumo, saindo de 86,4 para 115,5 pontos.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), também elaborado pela Entidade, confirma a percepção positiva, saindo da casa dos 122,8 pontos para 133,5 pontos em um ano. Da mesma forma que o endividamento, a melhora do indicador está relacionada à pressão menor da inflação, da queda dos juros e da evolução da renda.