Conversamos sobre o resultado do 1T25 da Wiz Co com Marcus Vinicius Oliveira, CEO da companhia.
Como você avalia o resultado da Wiz no 1T25?
Nós continuamos focados nas nossas prioridades e na nossa estratégia de crescimento consistente. Também seguimos firmes na utilização da nossa tecnologia proprietária como uma vantagem competitiva. Dessa forma, nós tivemos um 1T25 bastante homogêneo, com exceção do recorde histórico na emissão de prêmios de seguros em um único trimestre: R$ 976 milhões. Esse resultado foi 16% superior ao resultado do 1T24.
A Wiz teve um resultado bastante consistente, com um Ebitda consolidado de R$ 179 milhões e um lucro líquido consolidado de R$ 84 milhões, com R$ 82 milhões apenas em seguros. Enfim, nada que não estivesse previsto, mesmo considerando um ambiente com altas taxas de juros e um mercado bastante balançado com todas as dificuldades previstas, com algumas delas tendo se configurado.
Quais unidades de negócio da Wiz mais se destacaram no 1T25?
Neste trimestre, os destaques foram a Bmg Corretora, a Wiz Corporate e a Inter Seguros. A Bmg Corretora está trabalhando bastante na linha de produtos, penetração e recorrência. Por exemplo, nós temos um produto chamado Bmg Med, que está indo muito bem, e a corretora está trabalhando em outras possibilidades de originação dentro da carteira do Bmg, como novos produtos e variações de produtos.
No caso da Wiz Corporate, ela já vem em um crescimento gigantesco ano após ano, decorrente da especialização de um time muito bem formado. Ela está conseguindo alavancar novos negócios e começando a ter uma recorrência muito consistente de apólices de seguros que haviam sido feitas anteriormente. Além das pessoas que formam o time, a Wiz Corporate está se sobressaindo por causa do conteúdo informacional bastante forte e da gestão com resultados muito bem feitos.
Por fim, a Inter Seguros vem em um crescimento sempre constante, utilizando a melhor tecnologia possível decorrente do app do banco. Para que se tenha uma ideia, os avanços na carteira de produtos já geraram a incrível marca de 8 milhões de contratos ativos, o que faz da Inter Seguros um sucesso em termos de venda digital em banco.
Até aqui, como a Wiz tem visto o ano de 2025?
O ano de 2025 já era visto como desafiador no final de 2024. Antes disso, é preciso entender que 2024 já havia sido um ano desafiador, pois acreditou-se que a Selic estaria em um nível menor do que aconteceu. Para 2025, nós esperávamos que houvesse um retrocesso da Selic, o que também não aconteceu, mas, por outro lado, existiam estimativas de que a Selic chegaria a 16%, sendo que ela está inferior a isso. De forma alguma isso significa que estamos em uma zona de conforto, pois existem movimentos desafiadores tanto no aspecto interno quanto no aspecto externo.
Por mais que a esteira de crédito tenha ficado mais complicada e a originação de crédito muito mais complicada e seletiva, eu costumo dizer que se sai desse tipo de cilada quando se tem alguns planos de contingência. No nosso caso, nós temos dois planos que, normalmente, funcionam. O primeiro é que nós trabalhamos com um mix de empresas e produtos, ou seja, nós temos um hedge que nos permite não sofrer tanto em um ambiente hostil, o que também nos permite ter crescimento em decorrência do segundo plano de contingência, que é a geração de novas opções de produtos e de formas de contratação junto à nossa base de clientes.
Tudo isso atrelado ao fato da Wiz ter instituições financeiras como as principais bases do seu faturamento, e que essas instituições têm a seguridade como um componente extremamente relevante dos seus resultados, o que gera um comprometimento de todos e garante o cumprimento das metas e dos budgets estabelecidos.
Nós sabemos que a situação é difícil e que o momento é extremamente complicado para a maior parte das empresas, especialmente as listadas na B3, mas, dado o que comentei, estamos muito confiantes nos nossos resultados.
A Wiz possui unidades de negócio ligadas a uma única instituição financeira, sendo que a Wiz Corporate atravessa essas fronteiras. Como você está vendo a perspectiva da Wiz Corporate para o futuro da Wiz?
A Wiz Corporate é uma operação mais pura, mais B2C, pois ela consegue atender o cliente que possui operações de riscos especiais. Ela possui mais de 20 especialistas em áreas como óleo e gás, aviação, agro e cyber, que foram escolhidos a dedo no mercado para formarem esse time. Esses especialistas facilitam a operação, pois eles são experientes e possuem a melhor forma possível de colocação para aquele cliente, o que faz com que muitos desses clientes confiem no retorno do que está sendo apresentado em termos de cotação. Com isso, nós estamos operando com grandes empresas, fazendo operações bastante sólidas e, como disse anteriormente, já tendo recorrência.
Por mais que essa operação independa de uma instituição financeira, pois ela vai direto ao cliente, isso não significa que ela não opere junto às instituições financeiras. Isso porque as instituições financeiras também possuem os seus clientes de alto risco que precisam de apólices mais sofisticadas. Dentro dessa sinergia, a Wiz Corporate acaba operando dentro dessas instituições financeiras para oferecer um serviço que a JV (Joint Venture) que lá funciona, que opera, basicamente, no varejo, não tem a especialização para atender com prontidão esse tipo de demanda.
Por exemplo, isso é feito no BRB, no Bmg e no próprio Banco do Brasil, onde a Wiz Corporate já faz um resultado interessante. Isso porque a seguradora que está lá dentro não consegue cobrir esses riscos especiais. Dessa forma, nós fizemos um acordo direto com o Banco do Brasil para que pudéssemos apresentar soluções para os seus clientes de riscos especiais, especialmente do agro.
Como a Wiz avalia as suas perspectivas para o restante do ano?
Desde 2018, o nosso lucro líquido ajustado é crescente. Nós não tivemos um único ano em que o resultado fosse diferente do que havia sido previsto, sempre superando o resultado do ano anterior, e entendemos que 2025, mesmo com todas as dificuldades, não vai ser diferente. Quando falamos no segmento de bancassurance da Wiz, nós estamos falando de cinco instituições financeiras. Neste universo, mesmo que uma instituição não vá tão bem, a outra pode se superar, o que faz com que, na média, o resultado se torne consistente. Isso também tem acontecido nos nossos outros negócios.
No 1T25, nós superamos as expectativas. Para o 2T25, que já está em andamento, nós temos a sensibilidade de que isso vai ocorrer novamente, e de forma retrospectiva, o segundo semestre é sempre melhor que o primeiro. Nós vamos ter um 2025 em linha com o budget, podendo, inclusive, superá-lo, mesmo com todas as dificuldades de mercado. Nesse sentido, a Wiz acaba sendo um bicho bem diferente, já que ela tem várias vertentes de resultados, possibilidades, oportunidades e novos negócios, o que lhe permite ter rapidez e agilidade para se recuperar de uma possível dificuldade em um dos seus segmentos.
Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?
Nós fizemos a segunda emissão de debêntures simples, no valor de R$ 300 milhões, com a taxa de CDI + 1,9%. Com esse valor, nós quitamos as debêntures que haviam sido emitidas anteriormente, que estavam com a taxa de CDI + 2,5%. Com isso, nós reduzimos o custo da nossa dívida, o que impacta, logicamente, o resultado do grupo.