Wiz Co (WIZC3): resultado do 2T24, desempenho e crescimento

Nesta entrevista, Marcus Vinicius Oliveira, CEO da Wiz, destaca o crescimento da companhia em 2024, mesmo sem crescimento inorgânico desde 2023 e com a diminuição do run off da Caixa.

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Marcus Vinícius de Oliveira (foto divulgação Wiz)
Marcus Vinícius de Oliveira (foto divulgação Wiz)

Conversamos com Marcus Vinicius Oliveira, CEO da Wiz Co, sobre o resultado do 2T24 divulgado pela companhia no dia 08/08.

Como a Wiz avalia o seu resultado do 2T24?

Nós continuamos perseguindo uma forte disciplina na alocação de recursos e na busca do resultado de um planejamento estratégico bem claro e objetivo. De forma resumida, nós seguimos trabalhando na otimização de rentabilidade do negócio, no reforço da estrutura de capital, na promoção de novos negócios como meta base do dia a dia e no fortalecimento da nossa plataforma estratégica com o objetivo de alcançarmos, cada vez mais, uma proposta de valor para o nosso negócio com os parceiros existentes e até futuros parceiros.

Desde 2018, a Wiz tem um resultado crescente. Pode parecer natural dizer que uma empresa de capital aberto quer continuar tendo rentabilidade e resultado, mas até 2021, nós tínhamos dentro desse resultado toda a rentabilidade advinda do nosso funcionamento dentro do balcão da Caixa, sendo que a partir de 2022, nós não tínhamos mais isso. Durante esse período, foram feitas diversas aquisições que visavam o crescimento inorgânico da Wiz. Isso veio até a última aquisição que fizemos, concluída em 22/12/2022, que foi a Promotiva. Em 2023, nós tivemos um crescimento maior que todo esse período até agora, isso sem as aquisições que nos permitiram crescer de forma inorgânica e sem a Caixa.

No 2T24, nós tivemos uma receita líquida de R$ 246 milhões, um Ebitda de R$ 166 milhões e um lucro líquido de R$ 70 milhões. Esses números são consolidados, mas se buscarmos o lucro líquido da controladora, ou seja, a parte que nos cabe da Wiz Co, nós estamos falando de R$ 34 milhões apenas no 2T24.

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Indo para o segmento de seguros, que é composto pelas empresas Inter Seguros, BRB Seguros, Bmg Corretora, Wiz Corporate e Omni 1, nós tivemos R$ 880 milhões em prêmios emitidos, número 30% superior ao 2T23. Por exemplo, a base de clientes da Inter Seguros saiu de 1,9 milhão de clientes para 2,6 milhões. Esse é um dos maiores cases de sucesso de banco digital, eu acredito, no mundo.

No 2T24, a BRB Seguros emitiu R$ 182 milhões em prêmios, apresentando um crescimento de 20% comparado ao 2T23. A BMG corretora, R$ 240 milhões, com um crescimento de 32%. A Wiz Corporate, não posso deixar de mencionar como highlight fundamental, R$ 182 milhões, com um crescimento de 36%. Essa foi a maior receita bruta já obtida dentro do nosso negócio. A Omni 1 emitiu R$ 50 milhões, com um crescimento de 27%, seguindo de forma consistente a jornada de diversificação de portfólio, sendo que essa vertical opera com um volume de assistências vendidas gigantesco.

No segmento de crédito e consórcio, nós tivemos uma receita líquida na ordem de R$ 36 milhões, com um crescimento de 23% em relação ao 2T23. Nesse segmento, além dos consórcios nós temos a Promotiva, que é responsável pela operação da rede de corbans do Banco do Brasil (correspondentes bancários), que conta com 746 credenciados. Essa rede cresceu 49% em relação ao 2T23.

Pari passu a isso, uma das nossas grandes apostas para o futuro, que já está presente em 2024, é a geração de um diferencial competitivo dentro do que chamamos tecnologia aliada para a área de seguros. Para isso, nós estamos com uma ferramenta proprietária, que denominamos de Wiz Pro, que é uma plataforma tecnológica completa e que opera com quatro módulos: vendas, gestão, operação e engajamento. Essa solução já está trabalhando em quatro das nossas unidades de negócios: Paraná Seguros, Promotiva, Wiz Conseg e Wiz Parceiro, que é a nossa unidade que cuida de consórcios. Cada um desses módulos gera facilitadores para os nossos parceiros que estão plugados.

Ao longo de 2024, nós também conseguimos gerar uma redução de dívida líquida de aquisição de negócios na ordem de 21%, o que é extremamente relevante. Hoje, nós temos uma situação financeira extremamente equilibrada.

Você pode nos dar uma visão geral sobre as unidades de negócio da Wiz?

Antes de falarmos sobre as empresas de uma forma geral, é importante destacar que no início do ano nós fizemos uma otimização de headcount em diversas áreas, o que significou uma otimização bastante interessante no que diz respeito a termos uma empresa mais enxuta e mais eficiente.

Com relação às verticais, o BMG teve uma receita líquida na ordem de R$ 37 milhões, com um crescimento de 74% em relação ao 2T23. Isso é extremamente relevante, pois nessa vertical estamos buscando o endereçamento de novos produtos a novos clientes, ou seja, nós estamos fazendo todo um esforço para sairmos de uma projeção de negócio voltada apenas para prestamistas.

No BRB, a receita líquida ex comissões foi de R$ 55 milhões, com um crescimento próximo a 25% em relação ao 2T23. Isso também foi feito através da diversificação de produtos adequados para os variados tipos de clientes que o banco opera. Nesse período, a unidade registrou um Ebitda de R$ 52 milhões, 40% superior ao 2T23.

No Inter, tão expressivo quanto o crescimento de clientes que mencionei, foi a receita bruta de R$ 58 milhões, com um crescimento de 50% em relação ao 2T23.

A Wiz Corporate, com toda a sua gama de especialistas, vem ganhando crescimento e destaque no mercado.

Na Promotiva, nós tivemos uma receita líquida de comissões no valor de R$ 30 milhões, um resultado histórico na sua existência, sendo que a empresa comercializou R$ 1,8 bilhão em créditos para pessoas físicas, um crescimento de 10% em relação ao 2T23.

A Wiz Concept vem buscando eficiência e se redimensionando para administrar novos contratos, trazer novos negócios e operar de forma mais eficiente a sua gestão de sales, já que esta unidade é especializada em fazer operações voltadas para backoffice.

Tudo isso faz com que o sucesso da Wiz seja crescente. Detalhe: sem crescimento inorgânico desde 2023 e com a diminuição do run off da Caixa, que são os produtos remanescentes que ainda geram comissões para a Wiz. Mesmo com a produção desse run off sendo decrescente, nem por isso nós estamos deixando de cumprir resultados cada vez maiores. Ou seja, sem o balcão da Caixa, sem o incremento de novas empresas ao negócio da Wiz, mas com todo o trabalho de eficiência que estamos fazendo, nós tivemos um resultado em 2023 superior a 2022, e estamos com uma projeção de resultado para 2024 superior a 2023.

Eu gostaria de fazer duas perguntas que estão relacionadas. Primeira pergunta: como a Wiz não tem um modelo de negócio simples de ser entendido, essa complexidade pode atrapalhar na análise dos seus números? Aqui, eu não me refiro a um analista, mas a um acionista minoritário, uma pessoa comum que investe em ações. Segunda pergunta: o que as pessoas deveriam olhar nos números da Wiz, mas que acabam não olhando, e que deveriam dar mais atenção?

Realmente, você tem razão, pois a Wiz não é um animal fácil de ser entendido, já que ela congrega no seu negócio diversas espécies e subespécies de negócios. Em 2023, nós fizemos um planejamento estratégico para passarmos uma simplificação na visão e na comunicação dos negócios da companhia, como a explicação de que a Wiz é uma empresa que opera em três segmentos: (1) bancassurance, (2) seguros e (3) crédito e consórcio, considerando que serviços está aí dentro.

Isso vem sendo passado release após release e em todas as reuniões que fazemos com investidores e com fundos. O feedback que temos é que a comunicação e a forma de entender a Wiz melhoraram muito.

Outro ponto importante é que nós passamos a dar mais destaque a aquilo que pesa em relação ao todo da Wiz. Isso porque a Wiz Co é uma corretora que tem diversas unidades de negócios, sendo que algumas são 100% controladas e a maioria tem parceiros. Por exemplo, no caso da BRB Seguros, nós temos a maior parte acionária do negócio, que é consolidado dentro da Wiz Co, mas o seu resultado é dividido com o banco.

Quando consolidamos os resultados das unidades de negócio, nós trazemos os resultados totais para o Demonstrativo de Resultado. Agora, nós também temos o Demonstrativo de Resultado da controladora, que corresponde ao que cabe a Wiz Co, ou seja, a sua participação em um negócio.

Esse é um funcionamento simples que as pessoas de mercado entendem de forma muito fácil. Com relação ao investidor acionista leigo, se hoje ele fizer uma leitura do material que disponibilizamos em Relações com Investidores, esse entendimento não será muito complicado, pois, sinceramente, não é. Eu acredito que a maior parte dos investidores tem a competência necessária para fazer uma leitura fácil desses números, mas lá atrás já foi mais complicado.

Como você avalia o impacto do momento macroeconômico nos mercados da Wiz?

No início do ano, havia vários apontamentos de que poderíamos chegar em dez/2024 com uma Selic de 9,5%, sendo que alguns deles indicavam 9%, mas estamos vendo que isso não está se conformando. Aqui, vale destacar dois pontos que são muito importantes. O primeiro é que em 2023, nós operamos a maior parte do tempo com uma Selic de 13,75%. Se for mantida uma Selic próxima a 10%, como 10,5% ou 11%, nós já estamos falando de muita diferença em relação ao que foi 2023. Ou seja, se a Selic não melhorar mais, ela já melhorou o suficiente para estar melhor que em 2023.

O segundo ponto é que como o maior volume do nosso faturamento está ligado a empréstimos e operações bancárias, existe todo um tratamento orçamentário que já foi dado pelos nossos parceiros. Isso significa dizer que em 2024, em que pese qualquer possível oscilação, nós temos um bom grau de certeza de que chegaremos ao final do ano com o cumprimento do nosso budget, assim como no 1S24, onde já temos ele absolutamente cumprido.

Assim, considerando que uma empresa compensa a outra e que temos um grau de certeza bastante grande de cumprimento das metas nos nossos principais negócios, onde temos o nosso maior faturamento, nós não devemos ter nenhum sobressalto em relação a possibilidade de não cumprimento do nosso orçamento.

Outro ponto é que o mercado acionário vem sofrendo muito em todos os segmentos, não só as small caps como também as empresas mais relevantes que operam no mercado. Dito isso, nós precisamos entender que a precificação da ação não necessariamente tem uma relação direta com o valuation do nosso negócio. Se você analisar por Ebitda o nosso preço da ação, a companhia estaria valendo na ordem de R$ 1 bilhão. Não é preciso ser um economista renomado para analisar cada um dos nossos negócios e os stakes que correspondem a Wiz, para enxergar uma valorização extremamente maior do que isso.

Eu quero dizer que, em algum momento, o mercado vai estar mais favorável, que os preços das ações vão começar a atingir patamares mais adequados e que o patamar que temos hoje, seguramente, não representa o tamanho da Wiz em termos de preço de mercado.

As unidades de negócio da Wiz respondem da mesma forma às condições de mercado ou uma responde melhor que a outra?

Por exemplo, quando falamos de bancassurance, com exceção do Banco Inter, que opera de uma forma digital e não necessariamente vinculada ao crédito, todos os outros têm uma vinculação muito grande à originação de crédito, ou seja, onde se originar mais crédito, o volume de operações de seguro e de produtos correlatos vai crescer na mesma medida. Claro, nós trabalhamos a diversificação e a geração de oportunidades para novos produtos que nos permitam diminuir a dependência das operações de crédito, mas não podemos ser ingênuos de achar que o maior volume viria de operações não vinculadas a crédito.

No mercado da Wiz Corporate, que trabalha com grandes riscos de grandes negócios, é a competência que estabelece quem leva, sendo que nessas operações nós concorremos com empresas estrangeiras. Como essas operações são bastante sofisticadas e possuem um grau de especialização muito grande, como uma companhia aérea, elas não deixam de contratar um seguro por causa de fatores macroeconômicos.

Com relação a nossa vertical que cuida de seguros voltados à concessionárias, a Wiz Conseg, nós não temos tido descontinuidade ou probabilidade de não termos cotação, já que temos um trabalho muito consistente e parcerias muito boas com as seguradoras, que nos oferecem condições diferenciadas que são repassadas aos nossos clientes.

Perspectivas de novos negócios?

A Wiz está numa condição que pode olhar o seu pipeline em busca de oportunidades que tenham propósito, core business com a nossa forma de atuar e que a nossa proposta de valor tenha relevância. Nós não temos mais a necessidade de recompormos a nossa geração de caixa, pois já temos ela muito bem estruturada, o que significa que podemos olhar com calma e tranquilidade boas oportunidades de negócios.

Como a Wiz avalia as suas perspectivas para o 2S24?

Como nós atingimos todas as nossas metas no 1S24, não temos dúvidas ou incertezas de que o 2S24 também será vencedor no que diz respeito ao budget firmado no início do ano. Nós estamos numa pegada de eficiência, alocação de recursos adequada, geração de caixa, materialização da nossa estrutura de capital e muito voltada para que a Wiz Pro, realmente, seja um diferencial competitivo. A Wiz não anda para trás e nem para o lado, mas sempre para a frente.

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