Conversamos sobre o resultado do 4T24 da Wiz Co com Marcus Vinicius Oliveira, CEO da companhia.
Como a Wiz avalia o seu resultado do 4T24 e de 2024?
O resultado de 2024 foi extremamente bom, em que pese trabalharmos com uma taxa Selic acelerada. Ela começou o ano com uma tendência de queda, que era a esperança de todo mundo, mas, por força da inflação, terminou o ano com uma grande aceleração.
Como estão as unidades de negócio da Wiz?
De uma forma geral, as unidades de negócio fecharam o ano muito bem. Somadas, elas emitiram R$ 3,6 bilhões em prêmios.
A Interseguros emitiu cerca de R$ 317 milhões de prêmios, com 5,3 milhões de contratos ativos de seguridade e outros produtos ligados. No BRB Seguros, nós somamos mais de R$ 760 milhões em prêmios. Na BMG Corretora, cerca de R$ 980 milhões, mais de 20% em relação a 2023. Apenas com o produto prestamista, nós tivemos R$ 485 milhões em prêmios emitidos. A Wiz Corporate, que opera com riscos especiais, está com um crescimento extremamente forte e diversificado no que chamamos de bancassurance de atacado, que é a prestação de serviços dentro dos bancos para fazer operações de risco. Nesse caso, foram R$ 667 milhões em prêmios emitidos, um incremento de 35% em relação ao ano anterior. A Omni 1, que é uma parceria que temos com o Banco Omni, emitiu R$ 234 milhões em prêmios, um crescimento de 32%. A Promotiva, que é a nossa operação de crédito consignado com o Banco do Brasil, teve uma receita líquida de R$ 155 milhões, com R$ 7,1 bilhões em créditos para pessoas físicas e R$ 2,3 bilhões em cartas de consórcio. Vale destacar que nós somos responsáveis por um volume bastante interessante em créditos para pessoas físicas dentro do Banco do Brasil. Na Wiz Concept, a nossa operação de BPO (Business Process Outsourcing), nós fizemos cerca de R$ 21 milhões em receita líquida ex comissões.
Em 2025, em que pese todas as dificuldades do ano, nós vamos continuar com a mesma pegada.
Quando sai um resultado da Wiz, quais são os primeiros números que você analisa?
Particularmente, eu sou muito vocacionado para o lucro líquido. Esse é o primeiro número que eu busco, já que quando se fala em lucro líquido, também se fala em Ebtida, receitas ex comissões e custos, pois tudo isso está incluído. No final das contas, é o lucro líquido que importa, pois é dele que se tira os dividendos que serão pagos aos nossos acionistas. Com relação à geração de caixa, evidentemente, ela é sempre importante para o negócio, já que é a mola propulsora para que possamos trabalhar uma série de outras situações dentro do grupo.
Como está o mercado de seguros?
Nós temos a vantagem de trabalharmos em um segmento extremamente promissor e que tem espaço para crescer. Por mais que ainda estejamos distante, especialistas apontam que o segmento de seguros pode chegar a 10% do PIB. Atualmente, o mercado está com uma pegada de utilização, muito profissional, de ferramentas de inteligência artificial e de digitalização. No caso da Wiz, nós temos uma ferramenta proprietária chamada Wiz Pro, que atua em gestão, operações, engajamento e vendas, sendo que cada um desses módulos abre uma série de possibilidades para atender os clientes. A Wiz Pro já está sendo utilizada na Promotiva, no Paraná Banco e em diversas das nossas JVs (joint ventures), fazendo com que possamos agregar valor de verdade às parcerias que temos.
Nós não podemos fugir desse tipo de atuação, e mais do que isso, da hiper personalização de seguros para os clientes. Para isso, é preciso trabalhar em clusters com um índice de penetração que seja satisfatório e crescente. Dentro dessa linha, é fundamental conhecer o cliente e utilizar ferramentas digitais e de inteligência artificial.
O setor de seguros não está alheio aos problemas de natureza econômica que podem acontecer em 2025, mas como o setor tem muito espaço para crescer, eu estou bastante otimista.
Como o atual ciclo de alta da Selic impacta o mercado de seguros e a Wiz?
De uma forma geral, o aumento da Selic impacta tudo o que diz respeito às esteiras de crédito. Ele impacta também fora da esteira, já que há uma dificuldade a mais para que um cliente possa consumir um produto securitário. O ideal seria termos um nível de Selic onde as pessoas tivessem uma folga maior para que pudessem conhecer os seguros, já que muitos brasileiros ainda não consomem esse tipo de produto, e onde fosse possível fazer com que mais oportunidades e itens pudessem crescer para aqueles que já tem algum tipo de consumo.
Uma característica que distingue a Wiz dos seus concorrentes é que ela tem um mix de clientes muito forte, já que possui cinco operações ligadas à bancos, sendo que cada uma dessas operações é diferente entre si, com maturidades, gestões e prioridades diferentes, por mais que todas estejam alocadas dentro do bancassurane. Isso faz com que uma operação se compense com a outra, ou seja, a Wiz tem um hedge de negócios que faz com que ela não caia muito em um momento difícil, da mesma forma que lhe permite crescer em uma proporção interessante em um bom momento.
Nós também não podemos nos esquecer que todos os bancos contam com o resultado proporcionado através de seguridade, o que significa que esse tipo de produto é muito bem tratado e cuidado pelas sua gestões.
Dito isso, por mais que possamos sofrer um pouco com a questão dos juros altos, nós temos condições de estar alinhados com as metas traçadas para as nossas unidades de negócio.
Perspectivas de novos negócios?
Como nós temos um conforto em relação a redução da dívida líquida, nós teríamos condições de ir ao mercado para buscar novos negócios. Contudo, em um mercado com uma Selic de 14,25%, você tem que encontrar um cavalo selado para subir, já que tem que ser algo extremamente interessante para que faça sentido. Nessa situação, talvez valha mais a pena comprar ações da própria Wiz ou buscar parcerias que, não necessariamente, envolvam a colocação de recursos.
Existe um vasto caminho, mas a Wiz não vai alocar recursos como fazia há 3, 4 anos. Nós vamos buscar oportunidades em que haja muita sinergia e faça sentido, tanto para a Wiz quanto para o seu parceiro. Nós não precisamos de pressa, já que os números da Wiz estão bastante sólidos e consistentes.
Como a companhia avalia o desempenho das suas ações?
Nós temos, tranquilamente, a consciência de que a cotação poderia estar superior ao atual patamar, pelo menos mais 20%. A questão é que a maioria das empresas de capital aberto está sofrendo da mesma forma que a Wiz, ou seja, esse não é um privilégio nosso. Como o mercado de ações não está fácil por uma série de motivos, nós entendemos que a atual performance é a possível, mas eu acredito que, na medida em que o mercado reaquecer, a Wiz pode ser uma ação muito interessante para ser investida.
Como a companhia avalia a sua cobertura?
A Wiz é coberta por alguns bancos, como JP Morgan ou BTG, mas a cobertura é menor do que gostaríamos. Por outro lado, desde 2023 nós estamos simplificando a comunicação da Wiz em relação aos seus negócios, o que fez com que o entendimento do seu negócio ficasse mais fácil. Como nós segregamos por segmentos e começamos a explicar isso para o mercado, nós passamos a perceber que os analistas, de uma forma geral, começaram a compreender melhor que bicho era a Wiz.
Como a companhia avalia as suas perspectivas para 2025?
O ano de 2025 não vai ser fácil para ninguém, mas existem alguns gatilhos bastante interessantes dentro dos negócios que operamos. Nós temos espaço para crescimento nas operações que já temos, ou seja, o crescimento orgânico não é um sonho, mas absolutamente possível, e nós estamos caminhando nessa direção. Nós também temos um trabalho bastante forte de sinergia entre os nossos negócios, o que nos permite capturar mais eficiência e aumentar as vendas. Além disso, nós temos uma certa tranquilidade de que as nossas parcerias estão sendo conduzidas dentro de todos os nossos budgets. Independente dos desafios, nós vamos superar o que estamos propondo para 2025.
Vale dizer que desde 2020, quando saímos da Caixa, o lucro líquido ajustado cresceu ano após ano, e nós temos certeza que o número de 2025 será maior que o número de 2024.