O xadrez é um jogo de tabuleiro disputado entre dois jogadores e que requer a capacidade de raciocínio lógico e estratégico. A origem do xadrez é controversa. Acredita-se que o jogo se originou na Índia do século 6, sendo chamado de Shaturanga, que significa “os quatro componentes de um exército” em Sânscrito. Assim, nele estavam representados a infantaria, cavalaria e o povo (peões, cavalos e rainha), bem como as carroças e os elefantes.
Posteriormente, com as rotas comerciais, o jogo foi levado à China e à Pérsia, onde recebeu o nome de xadrez, decorrente da palavra persa shah (rei). Da Pérsia, o xadrez migrou para o norte africano, Espanha e Portugal, difundindo-se pela Europa no período entre os séculos 8 e 15. Nesse percurso, incorporou elementos tipicamente medievais, como as figuras das torres dos castelos e dos bispos, que substituíram as carroças e os elefantes, respectivamente.
O xadrez é um jogo que pode ser utilizado como uma ferramenta pedagógica para desenvolver habilidades importantes em crianças e jovens. Ele ajuda a melhorar a memória, a concentração, o planejamento e as tomadas de decisões. Ele pode ser usado como suporte pedagógico em várias disciplinas, como matemática, artes, história, geografia e ética. Por exemplo, na matemática, o tabuleiro e a movimentação das peças podem ser associados com a geometria e suas dimensões.
Nas artes, as formas das peças podem ser exploradas através da argila, pintura e técnicas com materiais recicláveis. Na história, pode ser trabalhada a questão da origem do xadrez, a cultura dos seus povos e a relação entre aspectos sociais e políticos. Na geografia, pode ser abordada a localização onde o xadrez era praticado e na ética a postura respeitosa e elegante dos seus praticantes.
A proposta pedagógica de inserir o xadrez no processo de aprendizagem visa preparar o estudante para que seja capaz de tomar decisões em situações que exigem o raciocínio rápido, contribuindo para a formação de cidadãos íntegros através de uma atividade lúdica.
Alguns países, como Rússia, França, Inglaterra, Argentina, Cuba, México e Venezuela, já utilizam o xadrez na educação, seja como disciplina extracurricular ou como projeto. No Brasil, o projeto “Xadrez na Escola” foi implantado pelo MEC na década de 80 do século passado, com o objetivo de desenvolver habilidades e motivar e despertar o interesse dos educandos.
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Atualmente muitos municípios incorporaram a prática do xadrez nas escolas. A senadora Nilda Gondim (MDB-PB) é autora do PL 2993/2021, que acrescenta a obrigatoriedade do ensino de xadrez à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). A proposta, aprovada no Senado, quer levar a prática do xadrez nas escolas públicas e privadas como forma de melhorar o desempenho dos alunos dos ensinos fundamental e médio, e aguarda análise da Câmara dos Deputados.
Segundo o trabalho do professor Jorge Miguel Lima Oliveira, da Universidade Estadual da Paraíba: “Após confrontar as opiniões de estudiosos como pedagogos e psicólogos, pudemos afirmar com certeza que a prática do xadrez é capaz de promover o desenvolvimento da criança, seja nos aspectos ligados ao desenvolvimento cognitivo, afetivo ou social, unindo a imaginação e a realidade. Quando a criança joga, ela opera com o significado das suas ações, o que a faz desenvolver sua vontade e ao mesmo tempo tomar-se consciente das suas escolhas e decisões, pois, é através da criação nos jogos imaginários que a criança constrói o alicerce para a formação do seu caráter no mundo real, construindo bases solidas no tocante ao respeito às regras de convívio social, por exemplo, mas o fato de o jogo apresentar regras que devam ser respeitadas, em tese implica dizer que a criança internalize essas regras para si como parte da construção do seu eu, no entanto, não significa dizer que ela as compreende e entende as reais motivações que deram origem a tais regras, isso só vai acontecer quando ela entrar na adolescência estágio este, que a permitirá realizar por si só essa assimilação.”
Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e membro do Movimento 2022 – 2030 o Brasil e o Mundo que queremos.