O presidente da China, Xi Jinping, expressou sua “profunda preocupação” com a ofensiva de Israel contra o Irã e enfatizou que “conflitos militares não são a maneira de resolver problemas”, ao mesmo tempo em que expressou sua rejeição a “qualquer ato que viole a soberania” de outros países.
“A ação militar de Israel contra o Irã levou a um aumento repentino das tensões no Oriente Médio, o que é motivo de profunda preocupação para a China”, disse ele. “Nós nos opomos a qualquer ato que viole a soberania, a segurança e a integridade territorial de outros países”, disse ele, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da China.
Ele enfatizou, após uma reunião com seu colega uzbeque, Shavkat Mirziyoyev, no Cazaquistão, onde viajou para a Segunda Cúpula China-Ásia Central, que “o aumento das tensões regionais não é do interesse comum da comunidade internacional”.
“Todas as partes devem promover o arrefecimento dos conflitos o mais rápido possível para evitar uma nova escalada das tensões”, enfatizou Xi, expressando a disposição de Pequim de “trabalhar com todas as partes e desempenhar um papel construtivo na restauração da paz e da estabilidade no Oriente Médio”.
Israel lançou uma onda de ataques contra instalações nucleares iranianas e áreas residenciais da capital, Teerã, na última sexta-feira, deixando cerca de 225 pessoas mortas, segundo as autoridades iranianas, que lançaram centenas de mísseis e drones contra Israel em resposta a esses bombardeios, causando pelo menos 24 mortes em território israelense, de acordo com o balanço oficial.
Já a União Europeia defendeu nesta terça-feira uma solução diplomática para o confronto, dizendo que pode desempenhar um papel na condução das negociações sobre o programa nuclear iraniano e alertando que o conflito pode aumentar se os EUA intervierem.
Em coletiva de imprensa após a reunião por videoconferência dos ministros das Relações Exteriores da UE para discutir a crise no Oriente Médio, a representante da União Europeia para política externa, Kaja Kallas, disse que o consenso entre os 27 é que “a solução diplomática é a melhor maneira de lidar com o programa nuclear do Irã”.
“A Europa está pronta para desempenhar seu papel”, disse ela, justificando a utilidade do acordo nuclear de 2015 que manteve a atividade nuclear de Teerã sob controle.
A esse respeito, a ex-primeira-ministra da Estônia enfatizou que a UE está mantendo canais abertos com todas as partes e “está constantemente pressionando” para acabar com a guerra. “Os riscos de escalada e os riscos de prolongamento do conflito são muito grandes”, alertou, a fim de justificar o papel diplomático da UE, uma vez que o processo de diálogo entre o Irã e os EUA chegou a um “impasse”.
Embora tenha enfatizado que o bloco europeu não será “indulgente” quando o Irã acelerar seu programa nuclear, Kallas evitou usar a mesma linguagem da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ou da declaração do G7 que aponta o Irã como fonte de instabilidade na região e defende o “direito de Israel de se defender”.
Sobre o possível envolvimento dos EUA no conflito, depois que o presidente norte-americano Donald Trump advertiu Teerã de que ele deve “sentar-se antes que seja tarde demais”, o chefe da diplomacia europeia alertou que qualquer movimento de Washington na região poderia levar a uma nova escalada do conflito.
“Se os EUA se envolverem, isso definitivamente arrastará a região para um conflito mais amplo. E isso não é do interesse de ninguém”, ressaltou, embora tenha dito que em suas conversas com o Secretário de Estado, Marco Rubio, ele tenha enfatizado que também não era do interesse deles se envolver no conflito.
Entre outras questões práticas discutidas pelos ministros das relações exteriores da UE estava a ativação do Mecanismo de Proteção Civil da UE, por meio do qual os 27 coordenarão a evacuação dos cidadãos europeus da área.
“Paralelamente, estamos prontos para enviar uma equipe de especialistas em proteção civil e nossos barcos operacionais navais continuam a proteger os navios mercantes dos ataques Houthi no Mar Vermelho”, disse ele após a reunião com os ministros das Relações Exteriores europeus.
Essa reunião ocorre apenas alguns dias antes da reunião dos ministros das Relações Exteriores da Europa, na qual a UE planeja analisar a conformidade de Israel com o Acordo de Associação, no contexto de sua ofensiva contra Gaza.
A esse respeito, Kallas evitou dizer se proporá medidas específicas à UE-27, embora tenha confirmado que continuará com o debate, apesar da escalada da guerra entre Irã e Israel nos últimos dias.
“Fui incumbido de fazer a revisão do Artigo 2 e apresentá-la ao próximo Conselho de Relações Exteriores. A revisão ainda não está pronta, mas está sendo elaborada”, enfatizou.
Com informações da Europa Press
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