Nesta quarta-feira, a XP Inc se posicionou a respeito das acusações feitas pela Grizzly Research (empresa norte-americana que faz análises de companhias de capital aberto) envolvendo a empresa brasileira. De acordo com a XP, serão tomadas todas as medidas legais cabíveis contra a Grizzly Research.
A Grizzly Research acusou a empresa brasileira de operar um “esquema Ponzi semelhante ao de Madoff”. Com isso, as ações da XP caíram 5,48% na Nasdaq (Bolsa de Valores norte-americana). A Grizzly faz referências a pirâmides financeiras do tipo “ganhe dinheiro fácil pela internet”, muito utilizadas por Charles Ponzi e Bernard Madoff, fundador da Madoff Investment Securities, que morreu na prisão aos 82 anos.
“A XP tomou conhecimento de informações falsas, incorretas e imprecisas divulgadas recentemente pela Grizzly Research e reforça seu comprometimento com a ética, a transparência, a conformidade regulatória, a governança e o cumprimento da lei”, destacou a companhia em nota.
A instituição financeira afirma que cumpre com a lei e segue todas as normas estabelecidas por órgãos reguladores, como CVM, SEC, Banco Central, dentre outros, e tem suas operações auditadas regularmente por instituições independentes. “A XP reitera seu compromisso com a integridade e a confiança de seus clientes, parceiros e acionistas, e continuará a operar com os mais altos padrões de ética e transparência no mercado financeiro”.
Acusação
Segundo o Instituto Empresa, que está monitorando o caso, o fato de a XP ter o capital aberto nos EUA é bastante favorável aos investidores brasileiros. “Durante a manhã, os papéis chegaram a ser negociados a US$ 14,06 [às 16h, hora de NY, estavam cotados a US$ 14,14]. De acordo com o portal Investing, foi apresentado um relatório, que tinha como alvo as práticas financeiras da empresa, particularmente as operações de seu fundo chamado Gladius Fim CP IE. O documento alega que os lucros da XP Inc. dependem em grande parte de produtos financeiros enganosos vendidos a clientes de varejo”.
A Grizzly Research afirma que a XP Inc. está se envolvendo em um esquema Ponzi por meio da venda de Certificado de Operações Estruturadas (COE), que são apresentados como lucros de negociação proprietários, mas são, na realidade, fundos de novos prêmios pagos como lucros.
“A atuação de órgãos reguladores estrangeiros em casos que afetam investidores brasileiros representa uma camada extra de proteção. Enquanto no Brasil a fiscalização pode ser limitada, nos Estados Unidos, estão sujeitas a rígidos padrões de compliance”, lembra Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa.
Silva observa que o mercado norte-americano conta com o sistema de class action, um mecanismo mais eficiente para investidores que buscam reparação por eventuais danos. Diferente dos processos judiciais individuais ou arbitragens no Brasil, que podem ser longos e onerosos, a ação coletiva permite que múltiplos investidores sejam representados em um único processo, aumentando as chances de ressarcimento e garantindo maior poder de barganha diante das empresas infratoras.