Em 2025, a Zero Esgoto – startup que transforma esgoto em água própria para irrigação e aquicultura – prevê buscar captação com investidores para acelerar o crescimento no Brasil e internacionalizar sua operação. A empresa já negocia um piloto em Braga, Portugal, e tem parceria com a Universidade Nacional de Singapura.
De acordo com o Sebrae, a startup criou um sistema considerado inovador que transforma esgoto em água própria para irrigação e aquicultura, alcançando a marca de 6 mil estações de tratamento instaladas no Brasil. A solução modular é de fácil instalação, não demanda energia elétrica e chega a sair quatro vezes mais barata que o sistema convencional, atendendo desde casas residenciais a cidades inteiras.
“Singapura é a ‘meca’ do tratamento de esgoto, referência mundial no assunto”, conta Célio Sathler, CMO da empresa (executivo responsável pelo marketing e propaganda). “O interesse deles em nossa tecnologia mostra que estamos no caminho certo”, comemora. Ambos os países entraram no radar da startup por intermédio de eventos do Sebrae no exterior, como a Semana de Inovação e Tecnologia de Singapura, em 2022, e o Web Summit 2023, em Lisboa. “O Sebrae foi primordial para a visibilidade do nosso projeto”, ressalta.
Projetos de recuperação
A Zero Esgoto atua em projetos como a recuperação da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e da Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais. O executivo conta que o projeto da Baía de Guanabara tem parceria com a concessionária Águas do Rio e é realizado a partir da Favela Tavares Bastos, no Morro da Nova Cintra, no bairro do Catete, onde ele está levando seu sistema para tratamento do esgoto das casas da região.
No mundo, mais de 2,3 bilhões de pessoas vivem sem saneamento adequado. De acordo com o Instituto Trata Brasil, 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e mais de 90 milhões não têm coleta de esgoto. Além disso, somente 50% do volume de esgoto do país recebe tratamento.
Fundada em 2016, em Irupi (ES), pelo capixaba Orbino Werner, a Zero Esgoto desenvolveu um sistema que transforma o esgoto em água limpa, classe II, equivalente ao mesmo nível de limpeza das águas da chuva ou de um rio.
A solução, que foi criada após longo período de estudos, chega a lugares de difícil acesso e sem planejamento viário. O processo de tratamento é 100% natural, com o uso de biomassa que contém uma mistura de bactérias, sem produtos químicos. O esgoto é tratado em um processo de hidrólise e, em torno de seis horas, resulta em água classe II, que permite sua reutilização.
Segundo a Agência Sebrae, o sistema não gera lodo ou resíduos sólidos, que é o que encarece o uso de sistemas convencionais. De janeiro a setembro de 2024, a startup fechou contratos com grandes empresas e com o poder público para atuar em projetos estratégicos de diversos estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. A Zero Esgoto ainda participou de evento oficial do G20, realizado no Dia Mundial dos Oceanos, em junho.