Zodíaco dos vinhos: Capricórnio

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Capricórnio (ilustração Darkmoon Art, Pixabay)
Capricórnio (ilustração Darkmoon Art, Pixabay)

Último da tríade de signos do elemento Terra, Capricórnio é descrito como o mais austero dos signos terrosos; aquele que, para além das bases sólidas do taurino e da sistematização perfeccionista do virginiano, representa a própria lei – a abundância resulta do equilíbrio entre as forças, da obediência a ciclos e sacrifícios e está acima das vontades individuais. É um signo de Terra de perfil adulto e seguro de suas convicções. Trabalho, disciplina, pragmatismo e ambição são referências que eu sempre escutei a respeito de Capricórnio.

O signo é representado por uma cabra com calda de peixe e, dentre algumas justificativas para tal, estaria parte do mito de Pã, um dos deuses do Olimpo que, para fugir de Tifão, um dragão assustador, jogou-se no rio, transformando sua parte inferior em peixe, para nadar velozmente, e a parte superior em cabra, para não ser reconhecido.

Seu planeta regente é Saturno, o segundo maior do sistema solar, só atrás de Júpiter. Devido a sua composição, é conhecido também como um gigante gasoso, que se destaca pelo belo sistema de anéis que o circunda, os quais são formados a partir de fragmentos de rocha e gelo. Temos aqui elementos que sugerem uma constituição mais condensadora e materializadora do signo, que se sucede à fogosa expansão sagitariana. Há um exercício de contenção que deve ser apreendido com o pragmatismo capricorniano.

Dentro da perspectiva calculista do capricorniano, fazer vinho tem que ser uma promessa de bons negócios, seja ele branco, tinto ou rosé. Importa menos o perfil da uva ou a aparência do vinho – ele deve trazer bons frutos e justificar o investimento. Sendo assim, não há como ser diferente, o clássico capricorniano (segundo decanato) é um tinto bordalês. Bem equacionado, bem sucedido e com a ambição de continuar sendo a referência máxima de qualidade – que reina absoluta em sua origem e que pauta as escolhas de grandes vinícolas do mundo todo.

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Para o primeiro decanato, uma uva ainda tocada pelo movimento errante sagitariano em alguns lugares da França, Suíça, América do Norte, Oceania e até Brasil. Vislumbrou ser a tinta preferida da Borgonha, mas, uma vez tendo se tornado secundária, optou por reinar nos solos graníticos de Beaujolais com valores bem inflacionados. A Gamay ficou famosa pelo seu Beaujolais Nouveau e, hoje, tendo este vinho perdido importância, foca nos excelentes Crus de Beaujolais. Mudar de estratégia não é um problema para uma uva capricorniana, desde que justifique melhores recompensas.

Já no terceiro decanato, uma cepa branca, que ganha cada vez mais importância no mercado mundial e que está sintonizada com os ares de renovação aquarianos que se aproximam. Apesar de originalmente circunscrita à região da Galícia, especialmente nos cantos de Monção e Melgaço, em Portugal, ou na D.O. espanhola Rías Baixas, a Alvarinho se tornou um símbolo da renovação da vitivinicultura dos vinhos verdes em Portugal, por fazer um vinho fresco, muito expressivo aromaticamente, mas de perfil mais encorpado. Perfil este que, combinado à alta acidez da casta, resulta em um vinho muito equilibrado.

A Albariño (Espanha) não deixa por menos e geralmente assina sozinha os seus vinhos. Hoje, esta cepa, com nome português ou espanhol, tem sido incorporada por outros países do Novo Mundo, chegando a se tornar o vinho varietal da moda, como no Uruguai.

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